Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu Coronavírus

Cientistas e médicos recomendam ao Congresso que eleições sejam adiadas

Em reunião com presidentes do Senado, da Câmara e do TSE, eles dizem que o cenário é de incertezas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Um grupo de médicos e cientistas discutiu na manhã desta terça (16) a necessidade de adiamento das eleições municipais por causa da crise do novo coronavírus.

Eles se reuniram de forma virtual com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e com outros parlamentares para dar uma visão técnica da situação.

O encontro foi organizado pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que já havia conversado anteriormente com os profissionais.

A opinião unânime de todos eles é a de que o pleito precisa ser adiado, de outubro para novembro ou até mesmo dezembro.

Segundo o físico Roberto Kraenkel, especialista em modelagem epidemiológica da Unesp e coordenador do observatório Covid-19, o adiamento permitirá que o país ganhe tempo e que talvez a situação da epidemia, até o fim do ano, esteja mais controlada.

Ele frisa que isso "não é tampouco uma certeza", mas pode ocorrer.

"Os meses de junho e julho serão críticos para a situação epidêmica do Brasil", disse ele. "Estamos com medidas de isolamento ainda e existe um movimento pela reabertura [da economia] em muitos locais em que os números de casos de Covid-19 ainda crescem", disse ele aos parlamentares.

Muitas das reaberturas seriam, portanto, temerárias.

"Seria necessário substituir o isolamento por uma testagem em massa", seguiu ele, afirmando que ela não está ocorrendo.

"É possível haver um repique [de casos de Covid-19] até mesmo em agosto, se as reaberturas não forem bem sucedidas", disse Kraenkel. Daí a necessidade de adiamento das eleições.

"Em agosto será preciso reavaliar a situação do país, para que possamos tomar pé dela", disse ele.

O físico alertou ainda que "todas as previsões, estimativas, têm que ser tomadas como probabilidades, e não como certezas".

O biólogo Átila Iamarino afirmou que há outros fatores que podem influir na curva epidêmica, como a sazonalidade.

Ele disse que o novo coronavírus pode se comportar como outros vírus respiratórios, que se disseminam mais em determinadas estações do ano.

"Isso explicaria por que a região norte tem agora uma mudança brusca [com a queda do número de infectados pelo novo coronavírus]", seguiu ele.

O percentual de pessoas infectadas, estimado em 25%, não explicaria a queda já que estaria longe do necessário para a chamada imunidade de rebanho, que desaceleraria a velocidade de infecção.

A questão sazonal pode ser uma explicação, inclusive da ascensão da curva de infecção na região sul do país.

Se a sazonalidade se confirmar como fator importante, a situação em todo o país poderá estar mais controlada no fim do ano, quando então se realizariam as eleições municipais.

Participaram da reunião também os infectologistas David Uip e Esper Kallás, o sanitarista Gonzalo Vecina Neto e os epidemiologistas Paulo Lotufo e Ana Ribeiro.

Uma PEC (proposta de emenda à Constituição) já foi apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) prevendo que as eleições para prefeitos e vereadores, previstas para ocorrer no dia 4 de outubro, sejam adiadas para 6 de dezembro.

Na justificativa, ele pondera que não se sabe, até o momento, o tempo ainda necessário de afastamento "para minimamente controlar o pico de expansão do vírus" ou mesmo "a descoberta de um medicamento ou vacina que possa conter a doença", o que recomendaria o adiamento do pleito municipal.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.