Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Ligue 180 recebe denúncia de que marido bolsonarista agrediu ex-secretária de Damares

Oswaldo Eustáquio nega e acusa assessor de ministra de vazar 'informação falsa'

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O Ligue 180, canal para relatos de violência contra a mulher ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), recebeu denúncia anônima de que o jornalista bolsonarista Oswaldo Eustáquio teria agredido a sua esposa, Sandra Terena, que é ex-secretária de Igualdade Racial da pasta comandada por Damares Alves.

A coluna entrou em contato com Eustáquio, que nega a acusação. "Fui pego de surpresa por essa informação", afirmou ele, que disse ter ficado sabendo da história pelo contato da reportagem. "Essa denúncia é tão absurda quanto protocolar no McDonald's um pedido de impeachment de um ministro."

Ele chamou a mulher para também falar ao telefone. "Estou abismada com isso. Não procede, graças a Deus", disse Sandra. "Estamos casados há 15 anos, temos três filhos", segue ela.

"Seria a mesma coisa que eu fazer uma denúncia anônima e dizer que a Mônica Bergamo bateu no marido dela. O anonimato, que seria utilizado para o bem da nação, está sendo usado para vinganças que passam distante da realidade", argumenta o jornalista.

O blogueiro Oswaldo Eustáquio
O blogueiro Oswaldo Eustáquio - Oswaldo Eustáquio no instagram

Sandra e Eustáquio, que foi preso em julho no âmbito do inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) que apura atos antidemocráticos no país, sempre foram próximos de Damares.

Ele afirma que comandou a comunicação na transição da ministra e, a partir do seu trabalho, "a tornou grande" —mas que não ficou no governo "por opção". Ela foi secretária de Igualdade Racial do MMFDH.

O grupo rachou quando Sandra foi exonerada do cargo, em setembro. Segundo assessores da ministra, a mudança foi motivada por uma tentativa de evitar o envolvimento da pasta na investigação conduzida pela Polícia Federal no âmbito do Supremo.

Eustáquio cita "nome e sobrenome" de quem, segundo ele, está armando esse enredo: o chefe de comunicação do ministério de Damares, Flávio Gusmão. O jornalista diz que Gusmão age em represália a ele, e atribui ao servidor a responsabilidade por "vazar informações sensíveis e, desta vez, mentirosas e criminosas usando a estrutura do governo Bolsonaro".

"O Ligue 180, que foi criado para proteger a mulher, está sendo usado pelo próprio ministério para expor uma mulher, de forma mentirosa", acusa o jornalista.

Isso, segundo Eustáquio, ocorre logo após ele ter postado em uma rede social prints nos quais a mulher de Gusmão, Sarah Cavedo, chama o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro de "asno", e "imbecil". O jornalista também afirma que Gusmão levou a mulher em viagens oficiais de trabalho nas quais recebeu diárias pagas pelo ministério. "Pode vir quente que eu tenho bala para aguentar toda a vagabundagem", afirma o apoiador do presidente.

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirma que "as acusações do senhor Oswaldo Eustáquio contra Flávio Gusmão e sua esposa são infundadas".

"As denúncias carecem de valor jornalístico. Ele aponta irregularidades inexistentes. Não há uso de dinheiro público para uso particular, não há passagem comprada com dinheiro público (nem mesmo uso de aeronave oficial para transporte de terceiro) ou passeio em viagens a serviço", segue a pasta por meio de nota.

"Sobre denúncias no canal Ligue 180, esclarecemos que todos os registros protegem o anonimato da vítima e do denunciado. Por este motivo, não é possível confirmar a veracidade da denúncia por agressão."

O ministério aponta que os dados das denúncias de violações dos direitos humanos registrados nos canais da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, Ligue 180 e Disque 100 "são sigilosos e obedecem os mais rigorosos critérios de proteção a dados possíveis, não existindo qualquer histórico de vazamento", emenda o ministério.

"Não há a possibilidade de qualquer integrante do MMFDH, que não sejam os servidores da Ouvidoria ou os seus colaboradores, terem acesso às informações coletadas em nossos canais, em especial às que se referem à denúncias de violações de direitos humanos e contra a mulher. Tais informações não são disponibilizadas sequer às altas autoridades do ministério, seja por quaisquer motivos."

"Ao recebermos as denúncias, as encaminhamos aos órgãos de proteção e enfrentamento das violações, não havendo qualquer trâmite interno que perpasse pela comunicação social ou qualquer outro setor. Quanto à denúncia ora suscitada, por razões obvias de sigilo, se houvesse jamais seriam repassadas."

O texto conclui: "Um ataque irresponsável aos canais Ligue 180 e Disque 100 é um ataque à todas pessoas e grupos vulneráveis que sofrem violações de direitos humanos neste país, pois pode vir a manchar a sua credibilidade e funcionalidade social, alcançada com muito esforço de toda rede de proteção. A Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos adotará todas as medidas necessárias para reparar os danos causados."

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