Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Blogueiro bolsonarista diz que policiais federais o prenderam 'com lágrimas nos olhos'

Oswaldo Eustáquio teve prisão domiciliar decretada nesta terça; ele afirma que seus direitos humanos foram 'extremamente violados'

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O blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio diz que alguns dos agentes da Polícia Federal que cumpriram o mandado de prisão domiciliar em sua casa nesta terça (17) o fizeram "com lágrimas nos olhos".

"A equipe cumpriu constrangida. Um deles me falou: 'Me perdoe, seu Oswaldo'", conta Eustáquio à coluna. Ele é um dos principais investigados no inquérito sobre atos antidemocráticos no Supremo Tribunal Federal (STF).

O blogueiro avalia que a operação ocorrida nesta manhã em sua residência em Brasília, que também teve ordem de busca e apreensão de computadores, é "ilegal, imoral e inconstitucional".

"Sinto os meus direitos humanos extremamente violados", afirma Eustáquio, que diz que vai recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos alegando que o Estado brasileiro descumpre o Pacto de San José da Costa Rica ao violar "o direito de manifestação de um jornalista em cumprimento da profissão".

Ele foi levado à sede da PF para colocar tornozeleira eletrônica para cumprir prisão domiciliar, após determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.

O magistrado aponta que Eustáquio descumpriu restrições impostas por ele ao determinar a sua soltura de prisão temporária realizada em junho deste ano. Em inquérito, a Procuradoria-Geral da República disse ao Supremo que Eustáquio defendeu uma "ruptura institucional de maneira oblíqua". O blogueiro é ligado a Sara Winter, líder do grupo de extrema direita 300 do Brasil que também foi presa no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos.

Entre as restrições impostas por Moraes a Eustáquio estavam a não utilização de redes sociais e a proibição de que ele saísse de Brasília sem autorização prévia. Recentemente, porém, ele esteve em São Paulo para fazer uma suposta matéria contra Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, na qual o bolsonarista acusava o psolista de ter contratado empresas de fachada na eleição.

A Justiça Eleitoral ordenou a retirada do ar da suposta matéria e, em seguida, determinou a suspensão da conta de Eustáquio no YouTube. A decisão veio após a campanha de Boulos entrar com uma ação acusando o blogueiro de propagar fake news.

PF cumpre mandados de busca e prisão domiciliar contra blogueiro bolsonarista
PF cumpre mandados de busca e prisão domiciliar contra blogueiro bolsonarista - Divulgação

"Eles chamam de fake news", afirma Eustáquio sobre o conteúdo. "O meu conceito de fake news hoje é: trazer a verdade o que o mecanismoe esconde, e quando é falado por uma mídia independente, que não faz parte desse mecanismo, eles têm que tratar isso como fake news. O que antes era a hipótese da espiral do silêncio", reflete o bolsonarista.

Ele afirma não utilizar as suas redes sociais. "Eu não tenho acessado, estou cumprindo todas as medidas à risca. Quem acessa é a minha assessoria de imprensa. São três pessoas que fazem isso. Quando faço lives, não faço do meu canal, e sim de outros. Agora, eu sou jornalista, trabalho com notícias. Eles não podem proibir o meu direito de manfiestar."

Eustáquio afirma que a ação dos agentes da PF em sua casa nesta manhã foi "muito respeitosa".

"Eles chegaram às 6h, bateram na porta, avisaram que era a polícia. Eu estava dormindo, a minha esposa atendeu. Eles esperaram eu descer e abrir a porta. Recebi com todo respeito, acompanhei eles na busca e na apreensão do meu computador do trabalho", diz.

"Quando me deram voz de prisão, eles me deixaram trocar de roupa, lavar o rosto, escovar os dentes. Quando eles abriram o quarto da minha filha e viram uma menina de 12 anos recém-acordada, e o cachorrinho de estimação, que tem só duas pernas, desceu lágrima no agente", segue ele.

"Não me levaram no camburão, e eu fui sem algema. Fui levado à PF coercivamente para colocar a tornozeleira [eletrônica]. Ao meio-dia cheguei na minha casa."

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