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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Mais de 600 ex-alunos da Escola Paulista de Medicina da Unifesp pedem impeachment de Bolsonaro

Documento critica atuação do governo federal no combate à epidemia da Covid-19

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​Um grupo de ex-alunos da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgou, na terça (19), uma carta aberta pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Até a manhã de quinta (21), o abaixo-assinado reunia 617 assinaturas, entre ex-alunos, ex-residentes, professores e docentes de medicina da universidade.

Nomes como os infectologistas Reinaldo Salomão e Paulo Roberto Abrão Ferreira, os psiquiatras Jair de Jesus Mari e Marcos Pacheco de Toledo Ferraz, o neurologista Acary Souza Bulle Oliveira, o hematologista Nelson Hamerschlak, o cirurgião plástico Miguel Sabino Neto e a ex-ministras Eleonora Menicucci endossam a carta.

"O Brasil, que já foi referência no manejo de diferentes moléstias infecciosas, que já foi exemplo de vacinação em larga escala, que vinha num crescendo de investimento em pesquisa científica, encontra-se entregue a governantes que, negligentes e imperitos, são diretamente responsáveis por agravar uma situação já em si gravíssima, a pandemia pelo novo coronavírus", diz o texto.

"São inúmeros os exemplos de manifestação pública de Jair Bolsonaro minimizando os riscos de se contrair COVID-19 e desdenhando do que é cientificamente preconizado, como evitar aglomerações, seguir as medidas de higiene e fazer o isolamento social", continua o manifesto.

"Entendemos que tais posturas e ações perpetradas pelo presidente Jair Bolsonaro configuram crime de responsabilidade e contra a saúde pública", segue a carta.

Na segunda (18), um grupo de ex-alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, divulgou um abaixo-assinado online pedindo o impeachment de Bolsonaro. Até a tarde desta quarta (20), o documento reunia mais de 1.450 assinaturas.

Leia a íntegra do manifesto abaixo:

"Por diferentes motivos escolhemos ser médicos e diferentes são nossas visões políticas. O exercício ético da medicina, no entanto, e a busca pela excelência, que se traduz em saúde no sentido mais abrangente, é o mesmo.

Como profissionais que tiveram o privilégio de se formar na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo e que tiveram, então, acesso a ensino público, gratuito e de qualidade, transmitido por mestres a quem queremos seguir honrando; como médicos que juraram segundo Hipócrates; como brasileiros que pretendem retribuir o investimento de dinheiro público feito em seu desenvolvimento profissional, nos vemos na obrigação de nos posicionar diante da calamidade sanitária em que se encontra nosso país.

O Brasil, que já foi referência no manejo de diferentes moléstias infecciosas, que já foi exemplo de vacinação em larga escala, que vinha num crescendo de investimento em pesquisa científica, encontra-se entregue a governantes que, negligentes e imperitos, são diretamente responsáveis por agravar uma situação já em si gravíssima, a pandemia pelo novo coronavírus.

A divulgação e o estímulo a tratamentos que não só estão provados ineficazes como podem ser
prejudiciais, caso da hidroxicloroquina e da ivermectina para a infecção por SARS-CoV-2, tornam Jair Bolsonaro e seu ministro da saúde Eduardo Pazuello nada menos que criminosos, induzindo profissionais da saúde a cometerem imprudência e imperícia. Também criminoso foi o manejo deplorável da crise do oxigênio em Manaus, perante a qual, embora tivessem sido informados a tempo de agir, pouco ou nada fizeram.

Assim como os governantes de outros tantos países, Bolsonaro e Pazuello tiveram tempo de planejar estrategicamente todos os passos da vacinação, mas optaram, pelo contrário, por difundir descrédito à imunização, gerar conflitos diplomáticos que agora afetam nosso abastecimento de insumos essenciais (da produção à aplicação de vacinas) e faltar com planejamento estratégico para testagem em massa, considerado ponto fundamental para o controle da transmissão viral.

São inúmeros os exemplos de manifestação pública de Jair Bolsonaro minimizando os riscos de se contrair COVID-19 e desdenhando do que é cientificamente preconizado, como evitar aglomerações, seguir as medidas de higiene e fazer o isolamento social.

Entendemos que tais posturas e ações perpetradas pelo presidente Jair Bolsonaro configuram crime de responsabilidade e contra a saúde pública. Por todos os descalabros já apontados, e:

1- Pelo fato de, em plena pandemia, termos pela primeira vez um ministro da saúde sem conhecimento técnico quanto ao que precisa gerenciar;

2- Pela incapacidade de coordenar e liderar Estados e Municípios num esforço conjunto e unidirecional de combate à pandemia;

3- Pela sabotagem consciente e proposital às medidas comprovadamente eficazes e recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no combate à pandemia, tais como uso de máscara e prevenção de aglomerações;

4- Pelas inúmeras e crescentes mortes evitáveis ― pelas quais o presidente é indireta ou diretamente responsável,

Pronunciamo-nos aqui abaixo-assinados, nós, médicos egressos da Escola Paulista de Medicina
da Universidade Federal de São Paulo, a favor do impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
Deixou de ser uma questão ideológica: é pela defesa da saúde de nosso povo. BASTA!"

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