Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Folhajus

Bolsonaro quebra hierarquia para tentar autogolpe depois de levar país à anarquia, avaliam partidos e ministros do STF

Sem apoio de empresários, de setores da mídia, do conjunto das Forças Armadas e sem respaldo internacional, no entanto, iniciativa poderia gerar confusão, mas dificilmente se concretizaria

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Uma análise sobre a crise militar provocada pelo presidente Jair Bolsonaro com a demissão do general Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa aponta para uma tentativa de provocar anarquia militar e tentar, mais à frente, um autogolpe.

Ela circula entre partidos de oposição e é compartilhada por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Magistrados acreditam que Bolsonaro está provocando uma confusão na área militar e pode, mais tarde, diante de uma situação de crise aguda, apelar para o apoio de policiais militares nos estados —que integram a base bolsonarista ou, em alguns locais, são açulados por ela.

Nesta terça (30), os chefes das Forças Armadas se demitiram em protesto contra Bolsonaro, na sequência da exoneração de Azevedo e Silva.

Da esq. para a dir., Bermudez, Ilques, Bolsonaro, Azevedo e Pujol antes do começo do govern
Da esq. para a dir., Bermudez, Ilques, Bolsonaro, Azevedo e Pujol antes do começo do govern - Sergio Lima - 22.nov.2018/AFP

"O presidente está jogando no quanto pior, melhor. Ele tenta levar o país para o caos para, a partir dele, tentar dar um golpe de estado. Desestabiliza as PMs, joga na crise social", afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que participa das discussões sobre o quadro geral da crise.

Um autogolpe, no entanto, dificilmente seria concretizado já que Bolsonaro não teria apoio de empresários, de setores da mídia, do conjunto das Forças Armadas nem respaldo internacional.

O texto distribuído para parlamentares de oposição diz que é preciso cautela na avaliação sobre o que ocorre neste momento nas Forças Armadas.

"Toda a lambança de Bolsonaro é porque ele não tem os comandos em mãos. E nós [oposição] não podemos jogá-los no colo dele", afirma a mensagem.

Ela detalha como seria a tentativa de quebra de hierarquia em curso disparada pelo presidente da República.

Diz que a substituição do general Edson Leal Pujol no comando do Exército "não é fácil para Bolsonaro", já que o preferido dele para o cargo, Marco Antônio Freire Gomes, hoje no comando do Nordeste, não é o mais antigo na linha de sucessão.

Como mostrou a Folha, o mais longevo, depois da saída de Pujol, será José Luiz Freitas (Operações Terrestres), que irá à reserva em agosto.

O segundo mais antigo é o chefe do Estado-Maior, o número dois da hierarquia, Marco Antônio Amaro dos Santos. Ele trabalhou com Dilma Rousseff (PT), o que dificulta suas chances.

O terceiro, Paulo Sérgio (Diretoria de Pessoal, que cuida da saúde dos fardados), caiu em desgraça com Bolsonaro. Ele concedeu uma entrevista ao jornal Correio Braziliense elencando as medidas restritivas que fizeram o Exército ter um índice de contaminação muito menor do que o da população. Elogiou isolamento social e uso de máscaras –o oposto de tudo o que é pregado pelo presidente.

Laerte Souza Santos (Comando Logístico) é o próximo da lista, mas era chefe do general Eugênio Pacelli, que perdeu o cargo após ter portarias de controle de armas derrubadas por ordem de Bolsonaro.

Só então viria o comandante do Nordeste, Marco Antônio Freire Gomes

"Os militares não gostam quando os mais jovens ultrapassam no comando os mais velhos. Não está fácil para Bolsonaro", diz ainda a análise feita a partidos de oposição.

A nomeação de um militar mais jovem, no entanto, não seria inédita. Outros comandantes foram, no passado, escolhidos na mesma condição.

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