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Descrição de chapéu Coronavírus

Queiroga é recebido aos gritos de 'Bolsonaro genocida' na Faculdade de Medicina da USP

Estudantes leram manifesto cobrando o ministro da Saúde de ações contra a Covid-19

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O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi recebido aos gritos de "Bolsonaro genocida! Mais vacina e menos cloroquina!" por estudantes que seguravam cartazes de protesto contra o governo federal na entrada da Faculdade de Medicina da USP. Queiroga faz visita à instituição nesta quinta-feira (25).

Os alunos seguiram protestando dentro do prédio da faculdade. Da sala onde participa de reunião, o ministro, os médicos e os professores seguiam ouvindo a manifestação, que também citava "fora Bolsonaro!" Assista o vídeo abaixo:

O Centro Acadêmico Oswaldo Cruz preparou um manifesto lido para Queiroga no começo da tarde. No texto, a entidade representativa de alunos cobrou do ministro informações de como ele atuará na administração da crise da Covid-19 e defendeu a "adoção de medidas radicais de lockdown nas regiões mais acometidas" pelo novo coronavírus.

O texto também pede a "aceleração significativa do programa de vacinação e medidas de combate às notícias falsas, desinformação e más práticas de prevenção e tratamento".

Os alunos ainda perguntaram se Queiroga se posicionará contra o tratamento precoce contra a Covid-19. "Quem vai avaliar minha gestão é a história. Vamos olhar para a frente, vamos deixar de gerar calor. Nós queremos é luz. Luz, não calor", afirmou o ministro.

"Estamos aqui para dialogar com a sociedade brasileira. Precisa da colaboração e sobretudo um voto de confiança de cada um de vocês para que eu possa ser útil e subsidiar o presidente com informações que o convençam do melhor caminho a ser seguido", seguiu Queiroga.

"No momento mais crítico da pandemia, presenciamos a quarta indicação ao Ministério da Saúde que, desde o início, mostrou-se incapaz de articular políticas eficazes de contenção do vírus", afirma o manifesto de alunos.

"Nesse contexto, questionamos a afirmação de que cabe ao ministério apenas executar as políticas do governo Bolsonaro. O que poderia significar uma saída para o povo brasileiro, na verdade, reveste-se de continuidade da política implementada até agora, com isenção de qualquer responsabilidade por parte da liderança do Ministério da Saúde."

"O governo federal apresentou até o presente momento prioridades equivocadas e por vezes perversas, resultando em absoluta ineficácia de gestão da crise, com consequências catastróficas para a população", diz o texto. "Estas consequências tornam-se incontestáveis diante dos números crescentes de mortes diárias e da incalculável perda de 300 mil vidas."

Leia abaixo a íntegra do manifesto dos alunos da Faculdade de Medicina da USP:

"Ao excelentíssimo Senhor Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, Ministro da Saúde;

O Centro Acadêmico Oswaldo Cruz vem por meio deste manifestar as preocupações do corpo discente da nossa instituição, a renomada Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em compreender qual será a postura adotada pela sua administração diante da maior crise sanitária dos últimos anos.

O Governo Federal apresentou até o presente momento prioridades equivocadas e por vezes perversas, resultando em absoluta ineficácia de gestão da crise, com consequências catastróficas para a população. Estas consequências tornam-se incontestáveis diante dos números crescentes de mortes diárias e da incalculável perda de 300 mil vidas, marco atingido no dia de ontem (24/03/21).

No momento mais crítico da pandemia, presenciamos a quarta indicação ao Ministério da Saúde que, desde o início, mostrou-se incapaz de articular políticas eficazes de contenção do vírus. Nesse contexto, questionamos a afirmação de que cabe ao Ministério apenas executar as políticas do Governo Bolsonaro. O que poderia significar uma saída para o povo brasileiro, na verdade, reveste-se de continuidade da política implementada até agora, com isenção de qualquer responsabilidade por parte da liderança do Ministério da Saúde.

Os alunos da Faculdade de Medicina da USP unem suas vozes aos titulares desta Casa quando estes afirmaram que as nossas mais potentes armas no combate à Covid-19 são as ações coletivas de prevenção e uma medicina que se alicerce nos conhecimentos científicos, no compromisso com a ética e na empatia aos doentes. A descredibilização das medidas sociais com forte evidência científica de benefício, a falta de transparência, o completo desrespeito às medidas de isolamento e a ausência de articulação política nos diferentes níveis de gestão concorrem para a manutenção de um quadro que resulta em perdas irreparáveis à sociedade brasileira.

Reconhecendo sua biografia e as contribuições que fez para a prática médica no Brasil, manifestamos o interesse dos nossos alunos em saber o planejamento estratégico para alterar a forma como o governo federal trabalhou até aqui, uma vez que os resultados obtidos pelas gestões anteriores foram repetidamente falhos. Ainda em uníssono aos professores desta faculdade, ressaltamos a necessidade de adoção de medidas radicais de lockdown nas regiões mais acometidas, de desenvolvimento de políticas emergenciais intersetoriais para assegurar a adequada adesão das pessoas às políticas de isolamento físico, aceleração significativa do programa de vacinação e medidas de combate às notícias falsas, desinformação e más práticas de prevenção e tratamento."

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - Raul Spinassé/Folhapress

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