Mônica Bergamo

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Mario Frias e Gilson Machado protagonizam briga durante reunião com Bolsonaro

Segundo relatos, Frias pleiteava mais autonomia para a secretaria e o ministro não quis ceder

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O clima entre o secretário da Cultura do governo federal, Mario Frias, e o ministro do Turismo, Gilson Machado, não está bom. Eles protagonizaram uma briga durante reunião com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no último dia 15 por divergências na condução da pasta —a secretaria está subordinada ao ministério. Segundo relatos, Frias pleiteava mais autonomia para a secretaria e o ministro não quis ceder.

O secretário da Cultura, Mario Frias, durante evento no Palácio do Planalto, em Brasília - Pedro Ladeira - 10.nov.2020/Folhapress

Essa não é a primeira vez que Frias se desentende com um ministro do Turismo: ele também teve alguns embates com o antecessor de Machado, Marcelo Álvaro Antônio, que foi demitido por Bolsonaro em dezembro de 2020.

Mario Frias é o secretário da Cultura mais longevo do governo Bolsonaro. Ele assumiu a pasta em junho de 2020, após a atriz Regina Duarte deixar o cargo.

Frias é alinhado com pautas bolsonaristas —mais de uma vez, ele apareceu nas redes sociais portando armas de fogo, por exemplo. Ele também afirmou que não permitirá a adoção dos chamados "passaportes da vacina" em espaços culturais vinculados à União.

Frias também usa as redes para rasgar elogios ao governo Bolsonaro e ao presidente e costuma atacar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). No começo do mês, afirmou que Doria é "farsa patética" e ameaçou o governador com punições caso ele reinaugure o Museu do Ipiranga, em SP, sem sua "permissão".

Frias participou da manifestação a favor do presidente no dia 7 de setembro, em São Paulo. Ele vestia uma camiseta amarela com a frase, na cor verde, "radicais da cultura". E foi multado pelo Governo de SP por não usar o item de segurança.

Assim como outros representantes da Cultura do governo federal, ele estuda se lançar candidato a deputado em 2022. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) afirmou à coluna que ela convidou o secretário, mas que ele ainda não aceitou.​

A gestão de Frias é criticada pela classe artística e pela oposição. Em post nas redes sociais, o subsecretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Andre Porciuncula, afirmou que ele e Frias respondem a 77 processos na Justiça.

A lentidão na Lei Rouanet, farol para produtores culturais e para o mercado, chegou ao seu pico, como mostrou matéria da Folha. Entre janeiro e agosto, a secretaria analisou 45% menos propostas em comparação a período semelhante do ano passado. A queda mais acentuada ocorreu no último trimestre, quando 131 análises foram realizadas, uma baixa de 78,5% ante o trimestre anterior. Dessa forma, uma proposta leva em média cinco meses para ser aprovada, três meses a mais do que no ano passado —uma lentidão inédita dentro da própria gestão Bolsonaro.

Os projetos culturais que pleiteiam o fomento estão centralizados nas mãos do secretário de Fomento, André Porciuncula, um ex-policial militar que, mesmo sem experiência no setor cultural, segura sozinho a caneta que dá a aprovação final aos pedidos feitos à Rouanet. Ele está nesse papel desde que a Cnic, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, foi dissolvida durante a gestão Mario Frias.

No último dia 16, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou à Secretaria da Cultura do governo Bolsonaro a suspensão de portaria que trata da análise de projetos da Lei Rouanet. A portaria da Cultura, de dezembro de 2020, estabelece o limite de seis processos analisados diariamente —uma média mensal de 120​.

Frias também critica a Lei Paulo Gustavo, que propõe a entrega de R$ 3,8 bilhões pela União a estados e municípios para aplicação em ações emergenciais que visem combater e mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre o setor cultural. Ele definiu o PL como um "absurdo que transformará o governo federal num caixa eletrônico de saque compulsório".

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