Uma comitiva da Coalizão Negra por Direitos enviada à Europa tem articulado com parlamentares do continente uma agenda de políticas em defesa do movimento negro brasileiro e das comunidades quilombolas. Nas duas últimas semanas, membros da entidade já passaram por Escócia, França, Espanha e Alemanha.
O grupo conta com sete lideranças ligadas à Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), ao Movimento de Pescadores e Pescadoras (MPP) e à Uneafro Brasil.
As viagens buscam estabelecer diálogos com movimentos sociais e parlamentares progressistas para que exerçam pressão sobre o governo brasileiro.
Na sexta-feira (12), a Coalizão esteve no Parlamento alemão com os deputados Deborah Düring, Jan-Niclas Gesenhues, Andrej Hunko e Max Lucks. A eles, foi solicitado que o novo governo alemão intervenha nos parâmetros do Fundo Amazônia para que organizações quilombolas, pesqueiras, povos da floresta, das águas, marisqueiras e povos tradicionais como um todo também tenham acesso aos recursos.
A Coalizão solicitou, ainda, que a Alemanha pressione o Brasil em prol do cumprimento de decreto que regula a titulação de territórios quilombolas.
"É uma comitiva histórica", afirma o coordenador da Coalizão Negra por Direitos, Douglas Belchior. "[Estamos] discutindo a tese de que floresta preservada é a vida do povo quilombola garantido nos territórios", segue Belchior. As trativas da entidade foram iniciadas na esteira da COP26, concluída neste sábado (13).
Ainda em Berlim, a Coalizão Negra por Direitos se reuniu com o ex-presidente Lula (PT). "Feliz surpresa reencontrar hoje aqui em Berlim o companheiro Douglas Belchior e a comitiva da Coalizão Negra", escreveu o petista nas redes sociais.
Em Madri, na Espanha, os representantes da entidade brasileira se reuniram com a diretora-geral para igualdade racial e diversidade do Ministério de Igualdade da Espanha, Rita Bosaho Gori, e com deputados e senadores de diversos partidos, como o PSOE e o Unidas Podemos.
A viagem ao país espanhol sucedeu a passagem do grupo por Paris, onde foram promovidos encontros com o vice-prefeito da capital francesa, Jean-Luc Romero-Michel, e a vereadora Geneviève Garrigos. Na pauta, estiveram presentes os temas do racismo ambiental e do genocídio negro.
"Nós conseguimos o compromisso desses setores todos de fazerem a defesa de que seus governos pressionem o governo brasileiro para que implemente o decreto que estabelece a titulação de território dos quilombolas, porque é um decreto que o governo ignora, e que respeitem a convenção 169, que trata das comunidades tradicionais e seus direitos", afirma Douglas Belchior.
"Não adianta ter dinheiro se o governo não protege a Amazônia, e quem protege Amazonas são os povos.", segue o coordenador da entidade.
A passagem do grupo por Madri também deu início às jornadas "Re-Existência e Luta: Um legado de Zumbi dos Palmares", que ocorre até 21 de novembro na capital espanhola. O evento e a comitiva estão sendo apoiados pelo Coletivo Pelos Direitos no Brasil em Madri e pela Associação Brasileira Maloka.
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