Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Folhajus

Evangélicos progressistas pedem que senadores rejeitem André Mendonça no STF

Ex-ministro da Justiça será sabatinado nesta quarta-feira (1º) para vaga na corte

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Uma frente de evangélicos progressistas lançará nesta terça (30) uma carta aberta pedindo que senadores não aprovem André Mendonça para uma das vagas no STF (Supremo Tribunal Federal). A proposta é se contrapor à mais volumosa ala de pastores bolsonaristas, que têm assumido a defesa do ex-ministro da Justiça e ex-advogado-geral da União de Jair Bolsonaro.

André Mendonça, então ministro da Justiça, durante cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Ueslei Marcelino - 17.dez.2020/Reuters

O grupo pede que os congressistas rejeitem o nome "terrivelmente evangélico" que o presidente indicou para o cargo em julho. A sabatina está marcada para esta quarta (1º) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

No texto, os evangélicos alinhados à esquerda, minoritários no segmento, dizem que a nomeação de Mendonça se deu "em circunstância absolutamente estranha aos requisitos da carta constitucional, vinculada a uma particularidade do presidente da República".

"Desde o início do processo, o chefe do Executivo estabeleceu abertamente como requisito essencial ser 'terrivelmente evangélico'. Fato que fica comprovado pela forma como lideranças evangélicas que representam as elites político-econômicas do segmento hegemônico do evangelicalismo vêm deixando claro através de lobby direto e indireto junto ao presidente da República e aos senadores e senadoras da República."

A credencial religiosa do ex-AGU pesou mais do que elementos indispensáveis à função, segundo os signatários. Evoca-se como exemplo a performance de Mendonça no julgamento no STF que tratou da realização de missas, cultos e demais celebrações religiosas durante a pandemia.

Mendonça, que é pastor presbiteriano, "citou a Bíblia para defender a liberação de cultos religiosos, à revelia de sua própria tradição teológica que valoriza uma relação individual e subjetiva com Deus em detrimento da mediação 'templos feitos por mãos humanas', conforme confissão primeiro dos pais da igreja e mais tarde dos reformadores".

O candidato a ocupar a cadeira de Marco Aurélio Mello, que se aposentou em julho da corte superior, "apresenta uma clara e inequívoca plataforma cujo tipo de engajamento religioso coloca em risco inúmeras conquistas da cidadania brasileira", diz a carta. "Não há dúvida de que as possíveis decisões institucionais do postulante, enviesadas por acordos confessionais, teológicos e morais escusos à razão democrática poderão suscitar um retrocesso importante aos direitos civis e aos valores laicos garantidos na Constituição."

Outro argumento: "O senhor André Mendonça representa tão somente uma pequena parcela do campo evangélico no Brasil. Uma parcela que não é representativa do ponto de vista da diversidade e pluralidade dos evangélicos e evangélicas de todo o Brasil que é em sua maioria, segundo dados do IBGE, negra, feminina e pobre —características bem distintas do candidato".

Assinam o documento entidades como Frente de Evangélicos Pelo Estado de Direito, ABB (Aliança de Batistas do Brasil), Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), Coalizão de Evangélicos Pelo Clima, (Movimento Negro Evangélico), Evangélicxs pela Diversidade e Cristãos contra o Fascismo. O Instituto Vladimir Herzog, sem o lastro religioso, também se juntou à causa.

Leia, abaixo, a íntegra da carta aberta:

com LÍGIA MESQUITA, VICTORIA AZEVEDO, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH

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