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Vacina em 1º menino imunizado contra Covid devolve esperança, diz tutora

Fernanda Viegas Reichardt acolheu garoto indígena em Piracicaba e o acompanha em tratamentos

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Tutora da primeira criança vacinada contra a Covid-19 no Brasil, a pesquisadora Fernanda Viegas Reichardt disse à coluna nesta sexta-feira (14) que a imunização do menino indígena Davi Seremramiwe Xavante, 8, simboliza uma esperança na luta contra a pandemia.

"Como cientista, ver a ciência funcionando rapidamente, dando esperança, é emocionante. [A vacina] é a possibilidade de nos devolver a esperança. É um verbo a ser conjugado, o esperançar", afirmou ela, momentos antes da aplicação do imunizante, acompanhada pelo governador João Doria (PSDB).

Davi Seremrámiwe Xavante é vacinado no Hospital das Clínicas, em São Paulo, ao lado do governador João Doria (PSDB) - Bruno Santos/Folhapress

Fernanda, que é bacharel em direito e doutora em ecologia aplicada, recebeu o garoto indígena há um ano em sua casa, em Piracicaba (SP). Ele nasceu em uma aldeia xavante no estado de Mato Grosso e passou a morar em São Paulo para se tratar no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas.

Com um problema genético, Davi tem dificuldades para andar e hoje usa uma órtese. Ele é filho do cacique xavante Jurandir Siridiwe, que durante nove meses viajou mensalmente com menino para a capital paulista para que ele se submetesse ao tratamento, até que veio a decisão pela mudança.

Segundo Fernanda, a notícia de que o garoto seria o primeiro no país a receber o imunizante pediátrico da Pfizer chegou aos responsáveis um dia antes, nesta quinta-feira (13). Como foi tudo muito rápido, o pai não teve tempo de viajar para presenciar a inoculação, mas acompanhou tudo por transmissão online.

"[Estou] completamente emocionada. Eu até perco as palavras", afirmou a pesquisadora.

Nos últimos meses, ela tem analisado os impactos da Covid nos povos indígenas brasileiros, chamando a atenção para a vulnerabilidade deles diante da doença.

Fernanda acompanha Davi nas consultas rotineiras que faz no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, com médicos das áreas de reabilitação e neurologia.

O problema de locomoção do menino é estudado pelos especialistas do instituto, que procuram identificar as razões da perda de parte dos movimentos das pernas. Os profissionais também fazem um estudo genético completo com ele, já que na aldeia há outras crianças com sintomas similares.

A vacinação do garoto indígena marca o início da imunização infantil para crianças de 5 a 11 anos no Brasil, após semanas de resistência do governo Jair Bolsonaro (PL), que se contrapôs à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na questão.

A imunização pediátrica em São Paulo começou horas após a chegada de doses da vacina da Pfizer liberadas para uso em crianças no Brasil. A expectativa do governo estadual é imunizar 4,3 milhões de crianças no período de três semanas.

A Secretaria de Estado da Saúde montou uma operação logística para a distribuição das 234 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde. As equipes da pasta estadual receberam o imunizante no fim da manhã desta sexta e até a tarde começará a distribuição para todas as regiões do estado.

JOELMIR TAVARES (interino), com LÍGIA MESQUITA, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH ​ ​ ​

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