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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Vitão busca ser 'marco na música' após fim de namoro com Luísa Sonza

Cantor afirma que está se reerguendo após onda de ataques, revela que seu novo disco terá participação de Ivete Sangalo e diz ter planos de estudar sobre o universo da política: 'É ruim não saber muito bem o que está acontecendo'

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O cantor Vitão, que prepara lançamento de álbum e estreia como ator enquanto busca superar cancelamento virtual Cauê Tarnowski/Divulgação

O primeiro tombo na carreira de Vitão foi tão precoce quanto a sua ascensão. O cantor emplacou seu primeiro hit aos 19, foi alvo de uma massiva campanha de cancelamento aos 21 e hoje, aos 22, diz tentar se reerguer da rasteira que distanciou sua música de patrocinadores, estações de rádio e do foco do público.

No centro do alvoroço, sua relação amorosa com a cantora Luísa Sonza, 23. O namoro foi assumido em setembro de 2020, meses após o fim do casamento dela com o humorista Whindersson Nunes, 27.

Antes de chegar ao fim, em agosto do ano passado, a união de Luísa e Vitão abasteceu teorias em torno de uma suposta traição dela a Whindersson —coisa que os dois negam. Ela foi alvo de ameaças e ataques de ódio, ele ganhou memes e a pecha de "talarico", designada a quem se envolve com uma pessoa comprometida.

O cantor Vitão, que prepara lançamento de álbum e estreia como ator enquanto busca superar cancelamento virtual - Cauê Tarnowski/Divulgação

"Não afetou só o meu lado pessoal. Foi algo que tirou a minha carreira dos trilhos", diz Vitão à coluna. "As pessoas não aceitaram a gente se amar, se gostar e querer viver junto."

"Surgiram muitas questões emocionais e psicológicas que eu não tinha. Antes eu era um moleque vivendo meu sonho, gravando com meus ídolos, fazendo um monte de show, viajando o Brasil inteiro. Minha vida era isso, comer pão de queijo no aeroporto e fazer show."

"Todas essas questões obviamente me prejudicaram muito de um lado, mas por outro acho que me trazem para a realidade", segue. "Hoje eu vivo num outro momento, de mais consciência. Me sinto mais adulto, e acho que virar adulto dói, né? O mundo adulto é meio cinza, meio nublado."

O cantor, que soma mais de 2,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify e 3,5 milhões de seguidores no Instagram, diz ter sentido o peso da turbulência nas métricas. "O artista hoje vive essa loucura de estar todo dia vendo quantos plays, quantos seguidores, quantos likes, quantos comentários, quantos ouvintes mensais. Isso é jogado na nossa cara diariamente e é muito cruel. Faz a gente ficar doente, bitolado. Se você não está com os números [iguais aos] de não sei quem, você é um lixo."

"Não sei se a gente vai conseguir mudar isso, talvez só piore. Mas eu quero, cada vez mais, conseguir me desprender e lembrar do que eu sentia lá na casa da minha mãe, quando eu compunha as minhas primeiras músicas no meu violão. Aquele sentimento era o porquê de tudo isso."

Vitão diz estar trabalhando para descolar sua imagem dos rumores dos últimos anos. Um passo importante nesse sentido, conta, será dado com o lançamento de seu segundo álbum de estúdio. "Está praticamente finalizado", diz ele, que afirma ter planejado um disco com cerca de 18 faixas, "à moda antiga". Previsto para este semestre, o projeto terá participação de Ivete Sangalo.

No segundo semestre de 2022, o artista estreará como ator na minissérie "Tá Tudo Certo", do Disney+, em que viverá um personagem com seu nome e atuará ao lado de cantoras como Ana Caetano, da dupla Anavitória, e Manu Gavassi.

O cantor Vitão, que prepara lançamento de álbum e estreia como ator enquanto busca superar cancelamento virtual - Cauê Tarnowski/Divulgação

Ele conversa com a coluna por videochamada, falando do camarim de um espaço de eventos onde ensaia com sua banda para um show do dia seguinte, em São Paulo. Sua voz falha em alguns momentos da conversa. "Fim de semana passado a gente fez um monte de show, dormindo pouco, aí a voz fica daquele jeito, né?"

O artista diz que às vezes não consegue dormir mais que duas horas por noite. "Os shows começam supertarde, às 2h. Até arrumar tudo e chegar ao hotel já são 4h ou 5h. E tem que acordar às 7h ou 8h para ir para outra cidade."

Nascido em São Paulo, Victor Carvalho Ferreira foi criado no bairro do Caxingui, na zona oeste da capital, no mesmo imóvel em que sua avó e sua mãe cresceram, construído por seu bisavô. O nome artístico, no grau aumentativo, veio do lado de fora da porta de casa, por ideia de um de seus produtores. "Quando sugeriram, eu achei ‘zuadasso’. Falei: ‘Porra, eu não tenho nada a ver com Vitão, nem sou tão grande assim’", diz, rindo.

Seu gosto pela música surgiu muito antes de despontar como intérprete de covers no YouTube, aos 16 anos. A herança, conta, veio dos pais, que se conheceram dançando zouk.

"Minha mãe pagou a faculdade dela dançando, e meu pai sempre dançou também. A música foi o que uniu os dois. Meu pai sempre amou The Police, Fundo de Quintal, James Brown, e minha mãe sempre amou Michael Jackson, Guns N’ Roses, Bon Jovi e música clássica. Acho que é algo que deu uma apurada no meu ouvido." Seu próprio som mistura pop, hip hop e R&B.

O cantor Vitão, que prepara lançamento de álbum e estreia como ator enquanto busca superar cancelamento virtual - Cauê Tarnowski/Divulgação

Para além dos projetos no universo musical, Vitão diz querer se enveredar pelos estudos e aprender mais sobre o mundo político. "É algo que eu sinto muita falta na minha personalidade mesmo. De saber sentar numa roda e falar sobre política, de saber exatamente tudo o que está acontecendo dentro do Congresso, leis aprovadas e não aprovadas, cortes de verba... Mergulhei tanto na música que acabei esquecendo de todo o resto."

"A partir do momento em que eu estiver mais seguro para falar sobre isso de maneira pessoal, o artista Vitão também vai estar mais seguro para passar isso para o público. Me sinto meio perdido mesmo, sabe? É ruim não saber muito bem o que está acontecendo. Isso me dói."

Aos 22 anos, Vitão diz almejar subir nos palcos de grandes festivais nacionais e um dia dividir o microfone com ídolos como Caetano Veloso, Djavan, Gal Costa, Criolo e Emicida. E, futuramente, planeja abrir escolas gratuitas de música em comunidades.

"Isso mudaria em 100% a trajetória de vida de moleques que acabam indo para uma vida indesejada, uma vida do crime, de viver trabalhando sem fazer o que ama por falta de oportunidade."

E continua, tateando o seu futuro: "Acho que o meu maior sonho mesmo é ser lembrado como um marco na música brasileira, de existir um antes e depois de mim", diz o dono de hits como "Café" —dos versos: "E eu até já fiz café pra tu não vir me falar/ Que tá com sono e que o amor tem que esperar".

"As pessoas estão voltando a prestar atenção no que sempre foi a proposta da minha vida, que é a minha arte. É um caminho [longo], mas sinto que estou conseguindo. Não digo [voltar a] ser o que era antes, porque isso jamais vou ser, mas ser melhor e ter uma carreira muito mais próspera. Aos poucos, as coisas vão acontecendo. Com trabalho, vontade e amor tudo acontece."

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