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Encontro de Lula e Márcio França frustra PT, que rejeita pesquisa e reafirma escolha por Haddad

Lideranças afirmam que legenda não vai submeter definição de candidato a sondagens eleitorais, como defende o ex-governador de SP

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A conversa entre Lula e o ex-governador Márcio França (PSB-SP), que se reuniram na terça (22) para debater a possibilidade de união do PT e do PSB em torno de uma candidatura única em São Paulo, frustrou lideranças petistas que imaginavam que os dois poderiam avançar para uma solução definitiva sobre o assunto.

Márcio França, então candidato ao Governo de São Paulo, durante debate na TV Globo - Adriano Vizoni - 24.out.2018/Folhapress

O PT já reafirmou diversas vezes que o nome da legenda para disputar o governo paulista será o do ex-prefeito Fernando Haddad (PT-SP). Lula também já fez declarações taxativas sobre a candidatura.

A agremiação considera que já abriu mão de concorrer em diversos estados, como Pernambuco e Rio de Janeiro, para apoiar candidatos do PSB. E quer a reciprocidade com o apoio dos socialistas a Haddad em SP.

França, no entanto, mantém a posição de só retirar a própria candidatura, em nome da união das legendas, depois da realização de pesquisas eleitorais que mostrem qual dos dois nomes é o mais viável para vencer a disputa pelo governo de São Paulo. E defende que os petistas e Haddad mostrem a mesma disposição.

Hoje, Haddad aparece à frente, com 28% dos votos contra 18% de França, segundo pesquisa divulgada pelo instituto Ipespe na semana passada.

Mas o ex-governador defende que as sondagens para a escolha sejam feitas apenas em maio, e que sejam considerados também a rejeição e o potencial de votos de cada pré-candidato.

Segundo ele, é preciso pensar no projeto maior, de eleger Lula e defender a democracia, deixando de lado interesses exclusivamente partidários. E, para a candidatura do ex-presidente, o melhor, diz, é ter como candidato em SP aquele que mais amplie votos, conquistando setores que tradicionalmente rechaçam lideranças progressistas.

A expectativa era a de que o impasse fosse superado na conversa com Lula, com o ex-governador sinalizando um recuo imediato para apoiar o candidato do PT. E levando outros pleitos partidários à mesa de negociação.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP) em evento em São Bernardo do Campo - Amanda Perobelli-10.mar.21/Reuters

Uma declaração de França afirmando que a escolha do candidato em SP caberia ao ex-presidente também tinha renovado as esperanças dos petistas de que um acordo poderia ser enfim desenhado.

Mas não foi o que ocorreu.

Em vez de recuo, França apresentou ao próprio Lula a ideia que vinha sustentando, de que a decisão sobre candidatura deve ser tomada apenas depois da realização de pesquisas.

Ele reafirmou ainda ao ex-presidente que, se aparecer em desvantagem nos vários aspectos que pretende ver analisados, concorda em abrir mão de disputar, em nome de um projeto maior que é a união de forças progressistas contra Jair Bolsonaro.

O resultado da conversa decepcionou lideranças do PT, em especial de São Paulo.

"Defendemos a candidatura de Fernando Haddad porque acreditamos que ela é a que tem mais condições de mudar os rumos do estado de São Paulo. A decisão já está tomada", diz o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), que integra o diretório nacional do partido.

"Além disso, a escolha de candidaturas do PT é feita pela sua militância, em encontros partidários, e não por institutos de pesquisas. Não vamos submeter a candidatura de Haddad a sondagens eleitorais", segue ele.

O posicionamento é compartilhado por outras lideranças do PT de São Paulo. Elas afirmam que já há uma multiplicidade de pesquisas divulgadas, e que em todas Haddad aparece mais bem posicionado.

De acordo com as mesmas lideranças, França manteve um "bode" na sala difícil de ser aceito.

As negociações em torno da candidatura em SP têm reflexo nacional já que o PT e o PSB querem formar uma federação.

Nela, a identidade de cada legenda seria preservada. Mas elas teriam a obrigação de atuar em conjunto, lançando um único candidato a presidente –no caso, Lula –e também um candidato ao governo por estado da federação.

Caso não haja acordo em São Paulo, o PT lançará Haddad e o PSB lançará França, inviabilizando o formato da federação.

O impasse se reflete também no futuro de Geraldo Alckmin, que deve ser o vice de Lula na disputa presidencial e ainda precisa decidir em qual partido vai se filiar.

Com a federação, ele se filiaria no PSB. Sem ela, pode optar por buscar abrigo em outra legenda, como o PV.

com BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH

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