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Mariliz Pereira recebe apoio de grupo de Marta Suplicy depois de ataques por defender a descriminalização do aborto

Colunista da Folha diz ter sido chamada de 'vagabunda' e 'assassina' após comentar descriminalização na Colômbia

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A jornalista, roteirista e colunista da Folha Mariliz Pereira Jorge recebeu o apoio do grupo de trabalho Brasil Mulheres, liderado pela ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, após ser atacada por defender a descriminalização do aborto na Colômbia.

Nesta semana, a Corte Constitucional do país decidiu que nenhuma mulher colombiana poderá ser julgada por um aborto realizado até a 24ª semana da gestação. A decisão foi tomada por cinco votos a favor e quatro contra, retirando a interrupção da lista de delitos do Código Penal colombiano —quando realizado dentro desse prazo.

A colunista Mariliz Pereira Jorge, no prédio da Folha, em São Paulo - Bruno Santos - 22.fev.2019/ Folhapress

Em sua coluna, Mariliz Pereira Jorge afirmou que "ninguém celebra o aborto", mas, sim, os avanços na legislação para os direitos reprodutivos e o fim à punição de mulheres que decidam interromper uma gravidez.

"Celebra-se o fato de que a Justiça de outro país libertará quase 350 mulheres encarceradas por terem se submetido a procedimentos que não deveriam ser clandestinos", afirmou a colunista em texto publicado na Folha na terça-feira (22).

"O sentimento de vitória é pelo reconhecimento de que o aborto é uma questão de saúde pública, pelo posicionamento solidário do Estado, que passa a preservar a integridade física e psíquica da mulher", disse ainda.

Ativistas celebram em Bogotá decisão da Corte Constitucional da Colômbia que descriminalizou o aborto no país - Raul Arboleda - 21.fev.22/AFP

Em nota, o grupo liderado por Marta diz apoiar o direito de expressão da roteirista e condenar hostilidades proferidas contra ela. Nas redes sociais, Pereira Jorge disse ter sido chamada de "vagabunda" e "assassina" por detratores.

"Essa violência é política, é contra a mulher e quer calar a jornalista em seu exercício profissional. É um ataque aos direitos da pessoa humana e ao exercício de cidadania que ela tem, garantidos pela democracia", afirma a nota do grupo Brasil Mulheres (leia íntegra abaixo).

Esta é a primeira vez que a iniciativa se manifesta em defesa de uma pessoa.

O grupo nasceu no mês passado, após uma reunião realizada no apartamento de Marta Suplicy com cerca de 30 líderes políticas, ativistas, personalidades, intelectuais e escritoras —todas mulheres—, com o objetivo traçado por Marta de estimular a inclusão de propostas para a mulher nas campanhas à Presidência.

Mariliz Pereira Jorge era uma das participantes do encontro.

Também estiveram lá nomes como a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia, a diretora do Instituto Marielle Franco, Anielle Franco, a líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro, Carmen Silva, a artista e ativista Preta Ferreira, a advogada Sheila de Carvalho e a secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres.

O encontro resultou em uma carta aberta endereçada a presidenciáveis com demandas para as mulheres brasileiras. O documento abrange temas como a paridade de gênero e de raça nas instituições públicas, políticas e privadas, a manutenção e expansão dos direitos sexuais e reprodutivos e a defesa da vida de meninas e mulheres, cis e transgêneros.

Na ocasião, a descriminalização do aborto chegou a ser defendida por algumas das participantes, que pediam a inclusão da proposta na carta final. O tema, porém, não vingou.

Como mostrou a coluna, a ministra Cármen Lúcia chegou a deixar o encontro realizado no apartamento de Marta após se ver em meio ao debate sobre a interrupção da gravidez. "Acabou a reunião", disse, entre risos, enquanto se despedia dos presentes.

A ex-prefeita Marta Suplicy e a ministra do STF Cármen Lúcia, no apartamento de Marta, em São Paulo - Marlene Bergamo - 28.jan.2022/Folhapress

A ministra se opôs ao uso da palavra aborto na carta. Em conversa com Marta, a magistrada chegou a propor que, em vez dessa abordagem, o documento mencionasse a necessidade de criação de uma secretaria de mulheres e pedisse um orçamento destinado a políticas que passassem por "questões da mulher".

Depois que a ministra do STF deixou o local, Marta concordou que a carta deveria ser mais cautelosa. Algumas participantes se decepcionaram com a mudança no rumo do debate, mas a maioria concordou que não era hora de "ir com os dois pés na porta", nas palavras de uma delas.

Leia, abaixo, a nota do grupo de trabalho Brasil Mulheres em defesa de Mariliz Pereira Jorge:

1. Toda vez que uma mulher for agredida por sua opinião, temos de bradar por respeito! A jornalista Mariliz Pereira Jorge está sob violento ataque de extremistas nas redes sociais e não podemos tolerar isso!

2. Ofendem a honra e a dignidade de Mariliz porque ela expressa sua opinião quanto aos direitos reprodutivos da mulher e às questões de saúde pública que permeiam a decisão da Corte Constitucional da Colômbia, que decidiu que o aborto não deve ser tratado como crime.

3. Na Carta Aberta #BrasilMulheres, o item 13 destaca que faremos "o enfrentamento ao discurso de ódio, violência política e institucional e cerceamento à liberdade de expressão de todas as mulheres, em especial proteção contra os ataques às mulheres jornalistas, políticas, artistas e defensoras de direitos humanos". Assim apoiamos o direito de expressão de Mariliz Pereira Jorge e condenamos todas as hostilidades contra ela.


4. Essa violência é política, é contra a mulher e quer calar a jornalista em seu exercício profissional. É um ataque aos direitos da pessoa humana e ao exercício de cidadania que ela tem, garantidos pela democracia.

5. Vamos dizer um sonoro não aos agressores!

#somostodasmariliz
#BrasilMulheres

com BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH

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