Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo

Médico diz ser 'absurdo' Brasil ainda não adotar remédio contra Covid

Integrante de comitê científico que aconselha João Doria, o infectologista Esper Kallás defende que SP negocie compra de drogas que já são adotadas em vários países

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Os médicos do comitê de combate à Covid-19 que aconselham o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), têm defendido a necessidade de compra imediata de medicamentos que têm eficácia comprovada contra a doença.

SALA DE EMERGÊNCIA

Entre as drogas que efetivamente funcionam e que já são adotadas nos EUA, no Reino Unido e na União Europeia estão os antivirais Paxlovid, Molnupiravir e Remdesivir.

O governador João Doria ao lado do infectologista Esper Kallás no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo
O infectologista Esper Kallás e o governador João Doria no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo - Zanone Fraissat -21.jul.2020/Folhapress

EMERGÊNCIA 2

"É um absurdo que, depois de dois anos de pandemia, o Brasil ainda não disponibilize tratamentos eficazes aos pacientes", diz o infectologista Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP. "Temos cerca de 800 pessoas morrendo por dia no país, e remédios que poderiam salvá-las não são ainda usados por aqui. É inacreditável", completa.

MARCHA LENTA

Ele afirma que o Molnupiravir, por exemplo, já é usado até mesmo na Venezuela, país que passa por todo tipo de dificuldade. "Não tem sentido o Brasil ainda estar na fase de discussão desse assunto", diz. "Não tem justificativa."

Imagem do antiviral molnupiravir, uma das provas aprovadas para combate ao Covid-19
Pílulas de molnupiravir, remédio experimental do grupo farmacêutico MSD para a Covid-19 - Merck & Co,Inc./AFP

MARCHA LENTA 2

A Anvisa já aprovou pelo menos quatro substâncias (o antiviral Remdesivir e três tratamentos monoclonais, que são proteínas produzidas em laboratórios) que funcionam contra a Covid. Nenhuma delas, no entanto, foi incorporada ao SUS.

ACELERA, BRASIL

Já o Paxlovid e o Molnupiravir ainda estão em análise pela agência, mas dificilmente serão barrados —eles já estão sendo usados em países com larga tradição de fiscalização de medicamentos. Por isso, os médicos defendem que as tratativas com os laboratórios avancem imediatamente.

ACELERA 2

Esper Kallás afirma que o Paxlovid, primeira terapia domiciliar contra o coronavírus autorizada e já amplamente adotada nos EUA, tem 89% de eficácia contra internações e óbitos por Covid. O Remdesivir, 86%. "São menos pacientes que têm a doença nos hospitais, o que nos permitiria retomar tratamentos de outras enfermidades e salvar ainda mais vidas", afirma.

ACELERA 3

O natural seria a compra dos medicamentos pelo Ministério da Saúde, que tem mais recursos e poder de negociação. Ao adquirir grandes quantidades para todo o Brasil, a pasta conseguiria abaixar os preços dos remédios. A comissão da pasta que decide o que será incorporado ao sistema público, no entanto, já rejeitou duas vezes o antiviral Remdesivir, que foi aprovado pela Anvisa. Há um temor de que o mesmo se repita com o Paxlovid e o Molnupiravir depois que receberem sinal verde da agência para distribuição no Brasil.

ACELERA 4

Diante da morosidade vista até agora, os especialistas defendem que o governo de São Paulo tome a dianteira e já comece as tratativas para a compra dos medicamentos.

VANGUARDA

"O estado de São Paulo tem um histórico de primazia e vanguardismo na adoção de políticas públicas. E deve agir, como sempre fez. Em muitas ocasiões da história, o estado ditou normas que foram inovadoras e depois incorporadas pelo Brasil inteiro, impulsionando as políticas de saúde do país", afirma o infectologista. "Não podemos mais ver pessoas morrendo. Não podemos ficar parados", finaliza.

EM BREVE

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à coluna que a pasta já está em contato com a Pfizer, que fabrica o Paxlovid, e com a Merck Sharp & Dhome (MSD), que desenvolveu o Molnupiravir, para adquirir os medicamentos. Ele disse que depende ainda, no entanto, da aprovação deles pela Anvisa e de um arcabouço legislativo que permita a importação para o Brasil _como ocorreu no caso das vacinas.

VELINHAS

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), compareceram à festa de aniversário de 40 anos do presidente do PSDB na cidade de São Paulo, Fernando Alfredo. A celebração foi realizada na última sexta-feira (18), no Bar Brahma, na região central da capital.

com BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.