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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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'Monark falou grandessíssima bobagem, mas não é nazista', diz deputado Kim Kataguiri

Parlamentar também será investigado pelo Ministério Público por defender a descriminalização da ideologia

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Atacado por ter defendido a descriminalização do nazismo em um debate com o apresentador Bruno Aiub, o Monark, no Flow Podcast, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) afirmou à coluna que o apresentador, demitido nesta terça (8), "falou uma grandessíssima bobagem, mas não é nazista".

Kim Kataguiri durante o Congresso Nacional do MBL, no Museu da Imigração, em São Paulo - Zanone Fraissat - 19.nov.2021/Folhapress

"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião ", disse Monark. "Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", seguiu ele. A deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que também participava da mesa, rebateu o podcaster.

Já Kataguiri afirmou que no nazismo não deveria ser considerado crime no Brasil —hoje, a lei prevê pena de prisão de dois a cinco anos para quem "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo".

"Todo mundo na mesa concorda em rechaçar o nazismo, em repudiar e em combater o nazismo. A discussão era qual é a melhor maneira de se combater o nazismo. É jogando luz nas ideias, é fazendo um debate às claras? Na minha opinião, é fazendo um debate às claras", disse ele no debate.

"Por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que [seja o assunto que] o sujeito defenda, isso não deve ser crime. Por quê? Porque a melhor maneira de você reprimir uma ideia antidemocrática, tosca, bizarra, discriminatória, é você dando luz àquela ideia para que aquela ideia seja rechaçada socialmente, e então socialmente rejeitada", afirmou ele.

Depois da repercussão, o canal Flow perdeu anunciantes e decidiu desligar Monark de sua programação. Já Kataguiri passou a receber diversas críticas de internautas em suas redes sociais, e também de parlamentares.

À coluna, ele manteve a posição que defendeu no podcast. "Uma ideia, por pior que seja, deve ser sufocada por uma criminalização ou combatida no debate?", questiona.

O deputado também postou mensagem em seu perfil no Instagram para esclarecer a posição que defendeu no debate com Monark e Tabata Amaral.

"Eu disse o seguinte: a melhor maneira de rechaçar, de repudiar essa ideologia nefasta, monstruosa, é justamente tendo a rejeição social, cultura. É fazendo com que essa ideia seja inadmissível por meio do debate. Não teve nenhuma defesa de nazismo, de existência do nazismo. Pelo contrário, Não tem ninguém que tenha um posicionamento mais pró-Israel no Parlamento do que eu. É até engraçado ver gente anti-Israel me chamando agora de antissemita, me chamando de nazista, quando o meu objetivo é o contrário".

E seguiu: "Os judeus alemães defendem a publicação do Mein Kampf [livro de Adolf Hitler] não porque eles defendem ideias nazistas. Não. Defendem justamente pra você ver o quanto aquela ideologia é escrota, é nefasta, e porque ela precisa ser repudiada, rechaçada, combatida".

Kim Kataguiri e Monark serão investigados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por causa do episódio. O parlamentar, que diz que irá colaborar com as investigações, critica o procurador-geral da República, Augusto Aras, pela decisão.

"É aterrador que o PGR, que sempre faz vista grossa para crimes que realmente aconteceram tenha agido tão rápido. Quando há claros indícios de crime cometido pelo presidente da República, Augusto Aras nada faz", afirma Kataguiri.

"Porém, diante de uma conduta claramente de mero debate em um podcast, Aras age rapidamente —e com inquestionável cunho político para perseguir minha conduta de oposição ao Governo Bolsonaro. É um contrassenso", segue. "Ao contrário das pessoas privilegiadas pela inércia de Aras, nada tenho a esconder."

com LÍGIA MESQUITA, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH

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