Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu Folhajus

Morte do congolês Moïse chega a órgão da ONU contra discriminação racial

Documento da Coalizão Negra por Direitos aponta possíveis crimes de racismo e de xenofobia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A Coalizão Negra por Direitos enviará nesta quarta-feira (2) uma denúncia ao Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU (Organização das Nações Unidas) pedindo providências sobre a morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, no Rio de Janeiro. Serão apontados os possíveis crimes de racismo e de xenofobia.

Homem faz pose para foto
O jovem congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, foi espancado até a morte na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio - Facebook/Reprodução

A articulação, que reúne mais de 200 entidades, coletivos e organizações do movimento negro, abordou o caso nesta terça-feira (1º) durante uma reunião com o Subcomitê da ONU para a Prevenção da Tortura.

Douglas Belchior, um dos coordenadores da coalizão, defende que o caso ganhe repercussão mundial, como forma de denunciar a violência e pressionar as autoridades a darem respostas.

Em outra frente, a entidade organiza, ao lado de outros grupos, manifestações de rua em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo nos próximos dias.

"Ou a ONU se posiciona, ou será conivente e cúmplice. O mundo precisa saber que o Brasil é um país racista onde, em pleno 2022, é possível que se amarre pelas mãos e pés uma pessoa negra, espanque e mate a pauladas", afirma Belchior à coluna.

"Há indícios de que milicianos tenham sido responsáveis pelo assassinato brutal de Moïse. A mesma milícia que assassinou Marielle Franco. A mesma milícia que ocupa o poder central do país e gesta a política do genocídio negro brasileiro", segue.

Douglas Belchior e os membros do Subcomitê da ONU para a Prevenção da Tortura Nora Sveaas e Juan Pablo Vegas, nesta terça (1º) - Arquivo pessoal

Moïse foi encontrado morto próximo a um quiosque na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, no último dia 24. Sua família diz que ele trabalhava no local e foi espancado até a morte por cinco homens depois de cobrar salários atrasados.

O congolês chegou ao Brasil com 11 anos na condição de refugiado político e morava em Madureira, na zona norte do Rio. Em nota, a comunidade congolesa no Brasil classificou a morte dele como uma manifestação de racismo e xenofobia.

"Por isso, exigimos a justiça para Moïse e que os autores do crime junto ao dono do estabelecimento respondam pelo crime! Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática ", diz o documento.​

Protesto em frete à delegacia
Movimentos negros pedem justiça em frente à Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, que investiga a morte do congolês Moise Kabagambe - Júlia Barbon/Folhapress

Um homem que diz ter participado das agressões se apresentou à polícia do Rio de Janeiro nesta terça-feira (1º). O suposto agressor, que é funcionário do quiosque vizinho ao que Moïse foi encontrado e não teve o nome divulgado, foi até a 34ª delegacia pela manhã junto da família para contar sua versão do que ocorreu.

Ao menos oito pessoas foram ouvidas pela Delegacia de Homicídios, incluindo cinco funcionários dos quiosques.

Pela manhã, movimentos negros fizeram um ato em frente à DH pedindo por Justiça. Eles também organizam uma manifestação no próximo sábado (5) com a família de Moïse em frente ao quiosque Tropicália, onde o congolês foi morto.


RAINHA DOS VENTOS

A cantora Margareth Menezes, uma mulher negra, está usando um vestido vermelho que tem um véu voando e segura um leque de palha na mão esquerda. Ela está em um casarão abandonado
A cantora Margareth Menezes na gravação do clipe da música 'Terra Aféfé', em Salvador - Wallace Robert

A cantora Margareth Menezes gravou parte do clipe de sua nova música, "Terra Aféfé", no Mercado Iaô, no bairro da Ribeira, em Salvador, onde ela nasceu e mantém a ONG Fábrica Cultural.

A canção, uma parceria com Carlinhos Brown, é uma espécie de chamado a Iansã, orixá dos ventos e das tempestades, segundo ela.

"Essa música nasceu de um movimento de vento, uma imagem que vi e mandei pra Brown. Ele se admirou com aquela manifestação da natureza e começamos essa troca para compor", diz.

O clipe de estética afrofuturista que será lançado no dia 12 no canal de Margareth no YouTube, tem direção de Joyce Prado e contou com a participação do Balé Folclórico da Bahia.

JOELMIR TAVARES (interino), com LÍGIA MESQUITA, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.