A cantora e escritora Adriana Calcanhotto deu a aula-show de encerramento da Brazil Week, semana dedicada ao Brasil que acontece anualmente na Universidade Oxford, no Reino Unido, na sexta (4). Neste ano o evento celebrou o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.
Em uma conversa online com o professor-doutor Guilherme Perdigão e a professora Claire Williams, do departamento de Línguas Modernas da universidade, Calcanhotto contou que seu primeiro contato com o modernismo brasileiro se deu aos 14 anos quando comprou um livro de poemas de Oswald de Andrade, sem saber do que se tratava. Ela também disse que, apesar das discussões e polêmicas contemporâneas em torno da Semana de 22, sua percepção é a de que foi melhor ela ter existido do que não. "Apesar de serem seus componentes, não todos, brancos, não todos ricos, não todos paulistanos e não todos sequer modernistas", afirma.
Segundo ela, os artistas que participaram da Semana de 22, como Mario e Oswald de Andrade, ficariam felizes com a celebração do centenário do evento em 2022, por causa de novos atores não brancos ao debate. "Hoje, por exemplo, é possível ver uma coisa que não se via antes, os artistas indígenas se apropriando do modernismo", diz.
"O modernismo não põe em xeque o colonialismo, mas acredito que aqueles artistas, com seu senso de vanguarda, gostariam muito dessa comemoração [do centenário] onde o olhar dos artistas indígenas e negros, agora sim [são incluídos] e podemos começar a fazer as perguntas que o modernismo lançou."
Durante a palestra, Calcanhotto também apresentou sua música "A Mulher do Pau Brasil".
A semana Brazil Week foi organizada por Perdigão, Williams e pela doutoranda Georgia Seabra. As palestras podem ser assistidas no canal Oxford University Brazilian Society no YouTube.
JOELMIR TAVARES (interino), com LÍGIA MESQUITA, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH
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