Após o escândalo dos áudios sexistas sobre mulheres ucranianas enviados pelo deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP), o Mamãe Falei, um outro caso envolvendo um líder do MBL (Movimento Brasil Livre) é relembrado. Em setembro do ano passado, repercutiu nas redes sociais um vídeo em que Renan Santos fala a amigos que, se fosse vetada a entrada deles em um bar, uma mulher seria estuprada.
Na época, a ministra Damares Alves (Direitos Humanos) disse ter pedido a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos uma investigação sobre o caso. Renan Santos afirmou que a gravação era de novembro de 2018 e se referia a uma brincadeira entre amigos, que estavam alcoolizados. Ele também afirmou que processaria Damares.
A divulgação do vídeo em redes bolsonaristas ocorreu no dia 12 de setembro, data em que o MBL realizou um ato pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (PL) na avenida Paulista.
"Estupro não é brincadeira! Já pedi atuação da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos! Inadmissível isto! Não vamos permitir que estes jovens que se dizem tão politizados façam uma 'brincadeira' desta!", escreveu a ministra numa rede social.
No vídeo de pouco mais de 40 segundos, Santos lidera um grupo, que repete em coro o que ele fala. "Nós, democraticamente, decidimos que vamos caminhar até o bar Violeta, que foi selecionado e negociado pela agente Bárbara. Se não formos permitidos de entrar, a Bárbara será estuprada", diz o líder do MBL.
Na época, em nota assinada em conjunto, Santos e Bárbara afirmaram que o vídeo foi retirado de contexto. Disseram ainda que a brincadeira foi "infeliz" e que o líder do MBL pediu desculpas a ela.
"Somos amigos há mais de sete anos, nutrimos afeto e respeito mútuo. Jamais tivemos qualquer desavença por conta desse episódio, ocorrido há três anos, e seguimos amigos, por nos tratarmos de pessoas normais, que fazem piadas, erram e se arrependem", afirmou.
UCRÂNIA
O deputado Arthur do Val anunciou que estava na Europa ao lado de Renan Santos para acompanhar o conflito.
Apesar de todas as dificuldades de trânsito no país, que está em guerra, os dois afirmaram que conseguiram entrar na Ucrânia e que decidiram ir para lá em movimento de contraposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL), reforçando as discussões sobre a guerra no debate eleitoral brasileiro.
Os dois disseram que pegaram um voo do Brasil para a Alemanha, e em seguida um carro para a Eslováquia. Não ficou claro, pelas imagens, se de fato chegaram à Ucrânia, e de que forma. Ou se estacionaram nas fronteiras.
Ambos são apoiadores do projeto presidencial de Sergio Moro (Podemos) e críticos de Bolsonaro. No caso da invasão russa à Ucrânia, também atacam a postura de neutralidade do presidente sobre o assunto.
Em um conjunto de áudios que vazaram nesta sexta (4), o pré-candidato ao Governo de São Paulo afirma que as ucranianas são "fáceis" de pegar por serem pobres —e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a "melhor balada do Brasil".
Em outro áudio obtido pela coluna, é descrita uma suposta tática usada por Renan Santos para atrair mulheres loiras em países europeus. A técnica teria sido apelidada por ele de "tour de blond".
"O Renan ele faz uma viagem todo ano. É que nos últimos três anos ele não fez. Ele chama 'tour de blond'. O que que ele faz? Ele viaja os países e vai só para pegar loira. Só que ele tem técnicas já, ele já está avançado. Para começar que ele fala sueco, então assim, o cara é viciado nisso. E ele me deu umas dicas", afirma.
Neste sábado (5), Arthur do Val disse que os áudios foram um "erro num momento de empolgação", mas buscou desvincular suas falas do teor da viagem feita à Ucrânia.
"Foi errado o que eu falei. Não é isso o que eu penso. O que eu falei foi um erro num momento de empolgação", afirmou Arthur do Val ao chegar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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