Mônica Bergamo

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TCU decide que houve ilegalidade no pagamento de diárias milionárias a procuradores da Lava Jato

Tribunal investiga o fato de procuradores que trabalhavam em Curitiba (PR) receberem diárias como se morassem em outra cidade

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O Tribunal de Contas da União (TCU) concordou, em decisão unânime nesta terça (12), que houve prejuízo ao erário no pagamento de diárias e viagens de procuradores da Operação Lava Jato quando trabalhavam na força-tarefa que investigou desvios na Petrobras.

O tribunal investiga o fato de procuradores que trabalhavam em Curitiba (PR) receberem diárias como se morassem em outra cidade e trabalhassem na capital do Paraná apenas transitoriamente —quando, na verdade, se estabeleceram na cidade, passando a maior parte do tempo trabalhando nela.

O então PGR Rodrigo Janot e o procurador Deltan Dallagnol participam de seminário promovido pelo CNMP, em Brasília - Pedro Ladeira - 28.jun.2016/Folhapress

O Ministério Público junto à Corte entendeu que o modelo utilizado não representou o menor custo possível. De acordo com os auditores, o dano ao erário foi de R$ 2,2 milhões

O ministro Bruno Dantas, relator da tomada de contas especial, havia determinado, em novembro do ano passado, que houve prejuízo ao erário e violação ao princípio da impessoalidade, com a adoção de um modelo "benéfico e rentável" aos integrantes da força-tarefa.

Como os ministros concordaram com o entendimento de que houve prejuízo, os procuradores citados serão notificados para que apresentem defesa. A Corte irá analisar a responsabilidade dos procuradores pela adoção do modelo de pagamento.

Conforme revelou a coluna em janeiro, a equipe do atual procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou ao TCU valores recebidos por procuradores da Lava Jato considerados exorbitantes.

Entre os procuradores citados estão Antonio Carlos Welter, que recebeu R$ 506 mil em diárias e R$ 186 mil em passagens, Carlos Fernando dos Santos Lima, que recebeu R$ 361 mil em diárias e R$ 88 mil em passagens, Diogo Castor de Mattos, com R$ 387 mil em diárias, Januário Paludo, com R$ 391 mil em diárias e R$ 87 mil em passagens, e Orlando Martello Junior, que recebeu R$ 461 mil em diárias e R$ 90 mil em passagens.

Deltan Dallagnol, que coordenava a força-tarefa de Curitiba, recebeu mais de R$ 194 em diárias e passagens.

A investigação do TCU foi aberta depois de representação do subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU, Lucas Furtado, e de parlamentares que questionavam os gastos com diárias e passagens da Operação Lava Jato.

Se condenados de forma definitiva, os procuradores e ex-procuradores ficarão inelegíveis.

Procuradores que integraram a Operação Lava Jato em Curitiba se disseram perplexos com a determinação do TCU (Tribunal de Contas da União) de que sejam devolvidos recursos de diárias e viagens recebidos.

No dia em que a coluna revelou a existência da investigação, eles reagiram: em nota enviada por meio da assessoria de Deltan Dallagnol, que coordenava a força-tarefa de Curitiba, os procuradores afirmaram que as diárias e as passagens aéreas foram autorizadas e que nunca foi apontada qualquer ilegalidade, fosse pela auditoria interna ou pelas autoridades administrativas do Ministério Público Federal (MPF).

"A auditoria técnica do próprio TCU sugeriu o arquivamento da representação por entender, dentre outros motivos, que a representação 'não preenche os requisitos de admissibilidade' previsto no regimento interno do TCU, já que não acompanhada de indícios de irregularidades ou ilegalidades", afirmaram na nota.

"Diante da consistência das manifestações da área técnica do TCU, que analisou detidamente os fatos e recomendou o arquivamento do caso por ausência de irregularidades, causa perplexidade que se insista na continuidade do procedimento", seguiram. ​

Com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS, MANOELLA SMITH e ANA LUIZA ALBUQUERQUE

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