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Masp volta atrás após veto a fotos do MST e propõe adiar exposição

Sandra Benites, primeira curadora indígena do museu, pediu demissão após o caso; museu diz que quer obras de volta à mostra

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O Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) voltou atrás e anunciou uma proposta de adiar a exposição "Histórias Brasileiras", prevista para julho, para incluir fotos que haviam sido vetadas e que levou o museu a enfrentar acusações de censura.

O caso ocorreu neste mês. A primeira curadora indígena num museu brasileiro, Sandra Benites, pediu demissão do Masp após o museu vetar um conjunto fotografias do Movimento Sem Terra e dos artistas João Zinclar, André Vilaron e Edgar Kanaykõ.

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O Masp, localizado na avenida Paulista, em São Paulo - Metro Arquitetos Associados/Divulgação

O material faria parte do núcleo "Retomadas" que ela e Clarissa Diniz, curadora convidada da instituição, comandavam. Por esse motivo, elas informaram que cancelariam o núcleo.

Em nota publicada nesta sexta-feira (20), o museu diz que está aberto para "ouvir Benites e Diniz, com a finalidade de aprendermos com essa experiência e aprimorarmos processos e modelos de trabalho".

"Nesse sentido, caso as curadoras concordem, propomos adiar a abertura da exposição e reorganizar o seu cronograma para que possamos incluir o núcleo 'Retomadas' na mostra. Outra medida que estamos propondo é a realização de um seminário público durante a exposição sobre o núcleo 'Retomadas' com a participação das curadoras", segue o comunicado.

Quando o caso veio à tona, a instituição negou que o veto às fotografias fosse censura, e afirmou ter recebido a relação desse material da curadoria com pouco menos de três meses de antecedência da abertura da mostra —o que extrapolaria os prazos para a execução de procedimentos como a solicitação do empréstimo das fotos e a cessão do uso de imagens.

Além disso, o Masp propõe que as fotografias de André Vilaron, Edgar Kanaykõ Xakriabá e João Zinclar, sejam incluídas ao acervo da instituição "como registro da importância dessas imagens para a história do MASP e reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas curadoras junto ao Movimento Sem Terra—MST" .

Leia, abaixo, a íntegra da nota do museu:

"O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand vem a público com um novo posicionamento sobre o cancelamento do núcleo "Retomadas", que fazia parte da mostra coletiva Histórias brasileiras, a ser inaugurada em 1º de julho próximo. A exposição faz parte da série de Histórias, que incluiu Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018), Histórias feministas (2019), entre outras.

O Museu tem refletido muito sobre o atual momento e, como um museu vivo, busca aprender com este episódio, inclusive observando falhas processuais e erros no diálogo com as curadoras Clarissa Diniz e Sandra Benites, responsáveis pelo núcleo "Retomadas". A instituição lamenta publicamente o cancelamento do núcleo, tão importante para a exposição, e a saída das curadoras do projeto.

Pretendendo avançar para que episódios semelhantes não se repitam no futuro, estamos abertos a ouvir Benites e Diniz, com a finalidade de aprendermos com essa experiência e aprimorarmos processos e modelos de trabalho.

Nesse sentido, caso as curadoras concordem, propomos adiar a abertura da exposição e reorganizar o seu cronograma para que possamos incluir o núcleo "Retomadas" na mostra.

Outra medida que estamos propondo é a realização de um seminário público durante a exposição sobre o núcleo "Retomadas" com a participação das curadoras.

Por fim, iremos propor a incorporação ao acervo do Museu, das 6 fotografias de autoria de André Vilaron, Edgar Kanaykõ Xakriabá e João Zinclar, caso seja do interesse dos artistas, como registro da importância dessas imagens para a história do MASP e reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas curadoras junto ao Movimento Sem Terra—MST.

O MASP está comprometido com a abertura de novos espaços de escuta, na certeza de que o que queremos é um Brasil mais plural, inclusivo e democrático - que só pode ser construído coletivamente, a partir do diálogo aberto, empático e colaborativo."

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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