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Coordenador de Lula pede a Aras que apure 'crime' no cancelamento de pesquisas pela XP

Corretora não divulgou pesquisa que havia registrado no TSE e vai passar sondagem que vinha dando Lula em primeiro lugar de mensal para semanal

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O deputado federal Rui Falcão, que coordena a campanha presidencial de Lula, apresentou uma petição dirigida ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o Ministério Público Federal apure se houve crime na pressão de bolsonaristas feita sobre a corretora XP por causa de resultados desfavoráveis ao presidente Jair Bolsonaro revelados pela pesquisa semanal que a empresa vinha divulgando.

Na quarta (8), a coluna revelou que a XP cancelou a divulgação de pesquisa do Instituto Ipespe que estava sendo publicada semanalmente e que vinha mostrando o ex-presidente Lula (PT) na frente de Jair Bolsonaro (PL).

Na sondagem divulgada na semana passada, Lula aparecia com 45%, contra 34% do atual presidente da República.

A pesquisa, que seria divulgada na próxima sexta (10), chegou a ser registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sábado (4), sob o número BR-06295/2022. Os pesquisadores saíram a campo e coletaram dados sobre a popularidade de Bolsonaro e a disputa eleitoral. O registro, no entanto, foi retirado do site por determinação da própria corretora. E a sondagem até agora permanece em segredo.

A coluna apurou que a pressão sobre a XP já vinha crescendo paulatinamente e explodiu na semana passada, quando o instituto mostrou que 35% dos eleitores consideram que a honestidade é um atributo de Lula, contra 30% que dizem o mesmo sobre Bolsonaro.

Bolsonaristas passaram a atacar a corretora nas redes sociais —um dos mais notórios deles foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que ironizou os resultados em seu perfil no Telegram. "O mesmo instituto deu Lula com 45% e Bolsonaro com 34% kkkkk", escreveu Flávio.

Em um primeiro momento, a XP decidiu registrar a pesquisa em nome de uma outra empresa que ela controla, a Infomoney. Mas acabou por simplesmente cancelar a divulgação e transformar a publicidade das sondagens de semanal para mensal.

Rui Falcão afirma que as pressões sobre a XP e o Ipespe, que até então vinham realizando, semanalmente, pesquisas com metodologia, amostragem e questionários transparentes, partiram de empresários, ministros e parlamentares, inclusive do senador filho do presidente da República. Conforme noticiário de inúmeros veículos da mídia comercial – até agora não desmentidos – os ataques bolsonaristas cresceram depois que a pesquisa mostrou a honestidade como atributo do presidente Lula. Então, sob o risco real de prejuízo a seus negócios, a companhia decidiu divulgar apenas resultados mensais.

A petição de Rui Falcão foi elaborada pelos advogados Hélio Silveira, Marcelo Andrade, Marco Aurélio de Carvalho, Fabiano Silva dos Santos,Marco Antonio Riechelmann Jr. e Lucas Clemente.

Nela, o parlamentar pede a apuração de eventuais crimes eleitorais como abuso de poder político, e inquérito policial para averiguar o cometimento de crimes comuns, como o de constrangimento ilegal. Solicita ainda a realização de diligências e a oitiva de representantes legais da XP Investimentos, do Ipespe e dos agentes públicos.


Depois da revelação da coluna, a XP divulgou uma nota afirmando que contrata outros institutos de pesquisa e que seguirá divulgando dados.

Leia a íntegra da nota da XP:

"A XP nega que a pesquisa será cancelada e ratifica que contrata diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores de decisões sobre investimentos.
A realização das pesquisas terá periodicidade mensal, com número de entrevistas ampliado em relação às realizadas nos levantamentos anteriores, oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado. As próximas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral já estarão adequadas ao novo formato."

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