Sócios da produtora de vídeos conservadora Brasil Paralelo fizeram nesta quarta-feira (28) uma live para justificar sua presença em um jantar de empresários com o ex-presidente Lula (PT). Durante a transmissão, o nome do petista foi associado ao comunismo e ao "maior esquema de corrupção de história" do país.
O pronunciamento, no entanto, contrasta com a postura dos empresários no evento com o candidato. Segundo relatos, sócios da Brasil Paralelo aplaudiram falas de Lula e trataram o petista com reverência. Apenas um deles, Henrique Viana, estava na lista de presença do grupo Esfera Brasil, que promoveu a reunião. Mas ele levou outras pessoas de penetra.
Bombardeados por críticas de bolsonaristas, eles tentaram se explicar em uma transmissão no YouTube, nesta quarta.
"Quero só deixar claro qual é a nossa opinião sobre o querido candidato presidente Lula. Nossa opinião é que ele é um ex-presidiário condenado no maior esquema de corrupção da história desse país, que foi o mensalão, a compra sistemática de votos para demolir o Legislativo e assumir um projeto de poder e ficar décadas", afirmou, na live, o sócio-fundador da produtora Lucas Ferrugem.
"Nossa história é combater o comunismo. Nós somos anticomunistas até o fim e vamos sempre, sempre escolher a alternativa menos comunista e defender os nossos ideais da busca da verdade, da liberdade e do respeito à tradição", disse ainda.
Além de Ferrugem, também participaram da live os sócios Henrique Viana e Filipe Valerim.
Durante a transmissão, os sócios chegaram a sugerir que a ida ao jantar teria sido motivada pela falta de confiança na imprensa. E afirmaram que o fato de Lula estar concorrendo à Presidência em 2022 é "um escárnio com a Justiça brasileira".
A presença deles no evento realizado na terça-feira (27) pelo grupo Esfera Brasil se transformou em um dos assuntos mais comentados do Twitter. A Brasil Paralelo é hoje uma das maiores produtoras de conteúdo de direita no país, com mais de 375 mil assinantes.
O ex-presidente tomou conhecimento da lista dos convidados ao jantar, mas não vetou ninguém.
Como mostrou o Painel, a presença de um dos sócios da produtora no evento gerou críticas entre influenciadores bolsonaristas. Um dos mais contundentes foi o cineasta Josias Teófilo, autor de filmes sobre o filósofo Olavo de Carvalho, que foi às redes sociais para desautorizar que imagens de suas produções sejam utilizadas em documentários da Brasil Paralelo.
"Comunico que desautorizo o uso de qualquer material audiovisual de minha autoria à empresa Brasil Paralelo depois de tomar conhecimento do jantar que o CEO da empresa, Henrique Viana, participou junto com Lula –o que é sim um sinal de apoio e aproximação a essa altura da eleição", afirmou.
A Brasil Paralelo foi criada há seis anos por um trio de estudantes universitários de Porto Alegre e viu um crescimento meteórico em 2020 com seus documentários de cunho revisionista e conservador.
Em julho de 2020, por exemplo, a empresa lançou o documentário "7 Denúncias: As Consequências do Caso Covid-19", cujo conteúdo se opõe ao isolamento social e ao uso de máscaras.
É dela também a produção "1964: O Brasil entre Arm as e Livros", documentário que justifica a derrubada do presidente João Goulart como um movimento de reação à ameaça comunista. Lançado em 2019, o longa foi elogiado pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e incensada em círculos da direita.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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