Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu Eleições 2022 Folhajus

Comissão Arns cobra explicações de Tarcísio e de SP sobre tiroteio 'obscuro' em Paraisópolis

Entidade pergunta onde estão as gravações feitas por câmeras de PMs

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns elaborou uma série de questionamentos endereçados ao Governo de São Paulo e ao ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), que concorre ao Palácio dos Bandeirantes, sobre o tiroteio ocorrido em Paraisópolis, na zona oeste de São Paulo, no último dia 17.

A entidade pergunta, por exemplo, onde estão as gravações das câmeras acopladas às fardas dos policiais militares envolvidos na ação, o que foi encontrado na cena do crime e quais atitudes humanitárias foram adotadas em relação aos familiares do suspeito morto na troca de tiros.

O candidato ao governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) busca abrigo após tiroteio na favela de Paraisópolis
O candidato ao governo de SP Tarcísio de Freitas (Republicanos) busca abrigo após tiroteio na favela de Paraisópolis - Reprodução/GloboNews

Questiona, ainda, por que havia um agente recém-treinado pela Escola de Inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), um órgão do governo federal, integrando a comitiva de Tarcísio naquele dia.

"Este episódio envolve o interesse especial da sociedade por duas razões básicas. Por um lado, foi morto um homem apresentado sumariamente como bandido, numa comunidade onde a violência policial já foi reportada inúmeras vezes —frisando aqui que toda vida humana importa", afirma a Comissão Arns em nota.

"Além disso, o respeito à integridade do processo eleitoral em curso, assim como do próprio Poder Judiciário envolvido, vem sendo ameaçado a cada dia pela frente política que reúne os dois candidatos [Tarcísio de Freitas e o presidente Jair Bolsonaro, do PL]", continua.

A entidade, que classifica o ocorrido como "obscuro episódio de violência", também pergunta por que um integrante da campanha de Tarcísio mandou um cinegrafista da Jovem Pan apagar imagens feitas do tiroteio. O caso foi revelado pela Folha na terça-feira (25).

O profissional da emissora fazia imagens da campanha do postulante ao Governo de São Paulo. Tarcísio estava na sede de um projeto social que inaugurou um polo universitário na favela quando o tiroteio entre policiais e suspeitos terminou com uma morte.

Em seguida, o cinegrafista e outros profissionais de imprensa foram levados em uma van da campanha a um prédio na zona sul usado pela equipe de Tarcísio.

No local, houve perguntas ao profissional sobre o que ele havia filmado e a ordem para que ele apagasse as imagens. "Você filmou os policiais atirando?", questionou um integrante da campanha. "Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras", respondeu o cinegrafista.

O membro da campanha ainda perguntou se ele havia filmado as pessoas que estavam no local onde o evento com Tarcísio foi realizado. "Você tem que apagar", disse o segurança.

A Folha apurou, no entanto, que as imagens já tinham sido enviadas à Jovem Pan. No momento logo após o tiroteio, a emissora passou a exibir imagens do local do tiroteio, da ação da polícia e da retirada às pressas da equipe de Tarcísio.

Procurada e informada sobre o teor da reportagem, a emissora se manifestou por meio de nota.

"A Jovem Pan exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio. O trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local. Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico", disse.

Já a equipe do candidato Tarcísio de Freitas disse que "um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte para não expor quem estava lá".

O caso foi utilizado politicamente pelo presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, no horário eleitoral veiculado no mesmo dia do episódio. "O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis", afirma o locutor da propaganda.

Tarcísio, logo após o ocorrido, postou no Twitter que sua campanha havia sido "atacada por criminosos". Depois, disse que o caso foi um ato de intimidação sem relação com política, mas com questão territorial.

De acordo com os relatos dos policiais, duas motocicletas, com duas pessoas em cada uma, passaram diversas vezes pelo local. Uma das duplas voltou ao lugar do ato de campanha registrando imagens com um celular e questionou um soldado da PM à paisana sobre quem teria autorizado o evento.

Minutos depois, os policiais relataram o som de uma rajada de tiros. Os motociclistas teriam então retornado com armas longas, junto a pessoas a pé com armas curtas. Um dos agentes se escondeu atrás de um carro blindado e passou a revidar, segundo o boletim de ocorrência.

A resistência aos criminosos teria sido feita por poucos policiais à paisana, e o reforço chegou quando o confronto já havia terminado.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.