Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu Eleições 2022 Datafolha

Lula teme 'virada' e vai aumentar ataques ligando Bolsonaro a 'ditador pedófilo' na TV

Apesar de manifestações de otimismo, tensão aumentou no PT com subida de Bolsonaro no Sudeste e entre quem recebe Auxílio Brasil

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A campanha de Lula (PT) deve aumentar os ataques contra Jair Bolsonaro (PL) depois da divulgação da pesquisa Datafolha, que mostra o petista estacionado, com 49%, e o presidente oscilando um ponto para cima, de 44%, na semana passada, para 45% na sondagem divulgada na quarta (19).

O programa de TV que será veiculado nesta quinta (20) já virá com peças mais contundentes: elas mostrarão Bolsonaro elogiando o ex-ditador do Paraguai, Alfredo Stroessner, que foi acusado de pedofilia.

O ex-presidente Lula durante encontro com católicos, em São Paulo - Marlene Bergamo - 17.out.2022/Folhapress

O assunto é delicado para Bolsonaro, que teve que gravar um vídeo pedindo desculpas a adolescentes venezuelanas depois de dizer, numa entrevista, que as encontrou em uma casa se arrumando para "fazer programa". Na verdade, elas faziam parte de uma ação social que envolveu maquiadores e cabeleireiros.

Na mesma entrevista, Bolsonaro disse que parou para conversar com "meninas arrumadinhas, de 14, 15 anos" depois de ter "pintado um clima". A frase foi ligada à pedofilia pelos adversários do presidente.

A decisão do PT de subir ainda mais o tom contra o presidente foi tomada porque, apesar da aparente estabilidade, a pesquisa Datafolha mostrou dados preocupantes para o ex-presidente: Lula caiu de 62% para 56% entre quem recebe o Auxílio Brasil, enquanto Bolsonaro subiu de 33% para 40% no momento em que o governo intensifica a concessão de crédito consignado ligado ao benefício.

É a primeira vez que Lula perde votos neste segmento do eleitorado desde que a pesquisa começou a ser divulgada, no primeiro turno.

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União já pediu a suspensão do consignado oferecido pela Caixa Econômica Federal, por ver intenção meramente eleitoreira na iniciativa. Os empréstimos, no entanto, continuam a ser oferecidos.

Apenas a Caixa Econômica Federal despejou R$ 1,8 bilhão em empréstimos para 700 mil pessoas. O valor médio do crédito consignado do Auxílio Brasil é de R$ 2.600.

Uma outra má notícia para o petista: Bolsonaro está ganhando votos no Sudeste.

Ele subiu de 47% para 50% da preferência eleitoral na região em duas semanas, de acordo com o Datafolha, enquanto Lula permanece estacionado em todas as regiões.

Como a oscilação foi mínima em São Paulo (Lula passou de 44% para 43%, e Bolsonaro, de 46% para 47% entre os paulistas), a conclusão é que o presidente está ganhando terreno em estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Uma virada entre os mineiros a favor de Bolsonaro é considerada desastrosa pela campanha do PT, já que dificilmente Lula conseguiria compensar a perda no Sudeste, que concentra 43% dos eleitores, conquistando mais votos no Nordeste, que tem 27% do eleitorado.

O petista parece ter atingido o teto de votos na região. No começo de outubro, ele tinha 66% no Nordeste, segundo o Datafolha. Subiu para 68% em meados do mês, e agora oscilou para 67%.

Ainda vence com larga margem, já que Bolsonaro tem 29% dos votos nordestinos. Mas a margem para crescer é pequena.

Por isso, a decisão, sacramentada em uma reunião entre os diretores do programa de TV e rádio e a direção do PT, foi a de aumentar os ataques a Bolsonaro, usando inclusive imagens de bolsonaristas gritando com padres e desrespeitando fiéis católicos, cenas que têm se repetido em igrejas do Brasil.

Apesar das manifestações de otimismo de dirigentes do PT e de seus aliados pelo fato de Lula seguir em primeiro lugar nas pesquisas, a tensão aumentou nos bastidores. A possibilidade de uma virada de Bolsonaro já não é mais considerada impossível. Pelo contrário.

Já o presidente vai manter os ataques a Lula e segue apostando em um empate nas pesquisas. E na alta abstenção, que poderia desempatar o jogo a favor dele.

Ou seja, pessoas que declaram voto não aparecem no dia para votar, por enfrentarem dificuldades para chegar às seções eleitorais.

Historicamente, a abstenção é maior entre os eleitores de menor escolaridade e renda —justamente onde Lula tem mais votos.

A taxa de abstenção entre os analfabetos, por exemplo, foi de 52,08%.

Entre os que apenas sabem ler e escrever, ela chegou a 31,38%, um percentual superior à média de 20,9% de todo o eleitorado.

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar prefeituras e concessionárias para oferecerem transporte gratuito aos eleitores deu esperanças ao PT de conseguir minimizar o impacto da abstenção nas regiões mais pobres do país.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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