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Entidade expressa preocupação com yanomamis isolados e diz que fotos expõem apenas parte da crise

Conflitos em território se acentuaram 'de forma brutal' sob Bolsonaro, diz associação de antropólogos

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As fotografias de yanomamis desnutridos que circulam desde o fim de semana dão conta de apenas parte da crise humanitária vivida pelos indígenas, afirma a Associação Brasileira de Antropologia. Em nota elaborada nesta terça-feira (24), a entidade diz que faltam informações a respeito da extensão do problema e sobre os povos que habitam a Terra Indígena Yanomami e Ye’kuana em condição de isolamento voluntário.

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Agentes do Ministério da Saúde durante missão para elaborar diagnóstico sobre a crise sanitária na população yanomami, em Roraima - Junior Yanomami -19.jan/Condisi-YY

O documento, que é subscrito pela Associação Brasileira de Ciência Política, pela Sociedade Brasileira de Sociologia e pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, pede ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que adote, para além de ações emergenciais, medidas de médio e longo prazo que assegurem a estabilidade territorial e sanitária dos yanomamis.

"A retirada dos invasores, o atendimento à saúde e a segurança alimentar são ações urgentes", destaca a associação formada por antropólogos, que também se coloca à disposição do governo federal para colaborar com as ações empreendidas em prol dos indígenas.

A entidade celebra a criação de um comitê de nacional para o enfrentamento à desassistência sanitária das populações que vivem no território e a abertura de um inquérito policial para investigar o caso, mas diz ser necessário que toda a população se solidarize com a situação.

"Todas as medidas governamentais são urgentes e indispensáveis, inclusive a descontaminação de rios e solo, envenenados pelo mercúrio garimpeiro. Mas também é urgente e indispensável que a sociedade brasileira esteja informada e mobilizada para a defesa da vida e de todos os direitos dos povos originários", diz.

Segundo a Associação Brasileira de Antropologia, episódios de violência e conflitos com garimpeiros persistem há décadas sobre o território yanomami, mas se intensificaram "de forma brutal" sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além da atividade garimpeira, entre as ocorrências que teriam se acentuado nos últimos quatro anos estariam casos de violações sexuais e a disseminação de fake news sobre a vacina contra a Covid-19. A falta de apoio ao sistema de saúde junto à população indígena e a demissão de profissionais da antropologia que prestavam assistência básica também teriam colaborado.

"As notas produzidas pela Associação Brasileira de Antropologia e outras associações científicas [nos últimos anos] são documentos públicos, muitos dos quais enviados às autoridades, que estavam, portanto, cientes da grave situação dos povos yanomami e ye’kuana", diz a carta desta terça-feira.

Região com 30 mil habitantes em Roraima, a Terra Indígena Yanomami vive uma explosão de casos de malária, incidência de verminoses facilmente evitáveis, infecções respiratórias e agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.

O quadro de desassistência em saúde no território é agravado pela permanência de mais de 20 mil garimpeiros invasores na área demarcada.

Na sexta (20), o Ministério da Saúde decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Três dias depois, enviou uma equipe da Força Nacional do SUS (Sistema Único de Saúde) para Boa Vista com 12 profissionais, que farão a operação de um hospital de campanha que deve ser montado na próxima sexta-feira (27).


EM FESTA

A secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres, participou da celebração do Ano Novo Chinês realizada pelo Consulado da China em São Paulo, pelo Ibrachina (Instituto Sociocultural Brasil China) e pelo Chinese Bridge Club, na capital paulista, na semana passada. O presidente do Ibrachina, Thomas Law, e a cônsul-geral da China em São Paulo, Chen Peijie estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA (interina), KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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