O prazo para Lula se entregar foi a manchete das edições impressas de sexta-feira dos argentinos Clarín e La Nación, do chileno El Mercurio, do uruguaio El País, do boliviano La Razón e até do cubano Granma.
E não foi manchete, mas estava nas primeiras páginas dos americanos New York Times e Wall Street Journal, do britânico Financial Times, dos alemães Frankfurter Allgemeine e Süddeutsche, do francês Le Figaro, do italiano Corriere della Sera, do espanhol El País etc.
O dia foi então de vigília, no aguardo das 17h.
Os textos já traziam registros biográficos elogiosos para o ex-presidente tão próximo da prisão. O NYT, com enviada a São Bernardo do Campo e outros três reportando, o descrevia como "um dos mais transformadores líderes de sua geração".
O FT, com dois enviados a São Bernardo, usava a mesma expressão, na chamada que manteve ao longo do dia na home, "Presidente que transformou o Brasil faz última resistência". Também na home, o WSJ anotava, já impaciente, que Lula "não diz se vai cumprir" o prazo.
Passadas as 17h, Lula não se entregou e os enunciados de jornais e agências de notícias mundo afora , com destaque até na CNN, entraram pela noite dizendo que ele "perde prazo", "desafia ordem da Justiça" e "cria impasse".
Esquerda cai
O principal jornal da Rússia, Kommersant, com fuso horário desfavorável, destacou em sua home uma reportagem ouvindo especialistas sobre o que esperar do Brasil sem o petista. Viktor Heifets, da Universidade de São Petersburgo, afirmou que "nenhum candidato da esquerda conseguirá tantos votos quanto Lula teria".
O destino da democracia
No site do britânico Guardian, uma das publicações mais lidas ao longo da sexta, mais que o noticiário sobre o prazo de Lula, foram duas cartas, sob o enunciado geral "O destino de Lula da Silva é o destino da própria democracia brasileira".
Na primeira, parlamentares trabalhistas, ativistas e acadêmicos criticavam a "campanha" contra o ex-presidente e defendiam seu direito de se candidatar.
Na segunda carta, Richard Bourne, professor da Universidade de Londres, alertava a esquerda brasileira para não "depender" de Lula e se preparar contra a "ameaça crescente" da extrema-direita.
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