Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Neymar é alvo de ex-craques e até de anunciante

Questionado por Cantona, Maradona e outros, brasileiro vira piada em comercial do KFC

Antes mesmo da partida contra o México, o ex-jogador francês Eric Cantona já havia tornado Neymar seu alvo recorrente, no Instagram e no Eurosport, o maior canal esportivo europeu.

Na plataforma, escreveu contra fraudes e narcisismo, cobrando: “Deixe-nos amar o Brasil da forma como amávamos”. Na TV, montou esquete com uma maleta amarela com rodas que chamou de Neymar, porque “você mal toca nela e ela roda, roda por horas”:

“Por falar nisso, Neymar, você é um grande jogador e um grande ator. Mas cuidado com os erros de continuidade. Se é atingido no ombro direito, não pode chorar com a mão segurando a bochecha esquerda. Buaaá!”

 

Até o argentino Maradona dá sinal de estar cansado dos exageros do brasileiro. No programa De la Mano del 10, pelo canal de notícias venezuelano Telesur, com reprodução no YouTube, o hoje comentarista declarou:

“Neymar, é preciso dizer, ou nos faz chorar ou nos faz rir. Porque quando o mexicano pisou nele era para chorar. Ao vê-lo correr é para rir. Como é essa história? Ou é amarelo para o mexicano ou é simulação de Neymar.”

E os memes chegaram afinal à publicidade, com risco financeiro ao brasileiro.

Ecoando por jornais como o inglês Sun, a rede KFC produziu um comercial (vídeo abaixo) na África do Sul em que o jogador rola como Neymar, deixa o estádio, atravessa favela, uma ponte, espera o sinal para cruzar uma rua e chega ao restaurante. No bordão:

“Por que exagerar [make a meal] por um pênalti se você poder fazer uma refeição [make a meal] por 29,90?”

TORCIDA BRANCA

Um âncora da rede canadense CBC perguntou e a correspondente do Globe and Mail repassou a questão aos brasileiros:

“Por décadas, a cada quatro anos, o Brasil envia um esquadrão talentoso à Copa, que reflete sua população racialmente diversificada, mas os torcedores nas arquibancadas jamais o são. Por que isso nunca muda? Existe mudança no horizonte?”

Já o New York Times publicou artigo sobre “a dolorosa relatividade de raça” no Brasil, destacando a frase célebre de Neymar: “Eu não sou preto, né?”.

 

O HERDEIRO?

Enquanto Neymar é questionado mundo afora, a principal revista francesa de futebol (capa acima) tenta emplacar o "pequeno príncipe" Mbappé como novo Pelé.

 

DESAFIANDO EXPECTATIVAS

Depois de Guardian e outros, também o NYT, entre os jornais ocidentais de cobertura mais crítica da Rússia, já admite, com alguma resistência:

“Desafiando expectativas, tensões geopolíticas e mil anos de história russa, o governo transformou a Copa num evento que é, bem, divertido.”

Pior, “já é visto como um impulso de relações públicas para Putin, em casa e no exterior”. E o colega Trump, segundo o jornal, tratou de declarar que a Rússia “está fazendo um trabalho fantástico com a Copa”.

‘DAAAAAA!’

Entre os que se deixaram tomar pela Copa está o oposicionista Aleksei Navalny, que tuitou em russo, logo após a vitória nos pênaltis sobre a Espanha: “DAAAAAA!”, que quer dizer sim. E brincou, sobre o goleiro, que “é preciso organizar uma série de manifestações para exigir que Akinfeev seja declarado Herói da Rússia”.

Enquanto isso, observou o NYT, o governo aproveita para avançar na Duma, o parlamento russo, uma reforma previdenciária elevando a idade para aposentadoria. E nesta terça (3), manchete digital do russo Kommersant, aumentou impostos.

 

PS 4/7, 15h - Email recebido da assessoria de comunicação da rede KFC no Brasil, "referente à publicação 'Neymar é alvo de ex-craques e até de anunciante'":

"O KFC informa que o comercial da marca veiculado na África do Sul não foi inspirado em um jogador específico de futebol. O filme tem como propósito celebrar o amor desse país pelo esporte, de maneira leve e bem-humorada. A peça publicitária da empresa foi ao ar no dia 10 de junho, quatro dias antes do início do Mundial e sete dias antes da seleção brasileira entrar pela primeira vez em campo."

"O KFC reforça que o intuito da comunicação foi lembrar que, apesar de cada nação torcer para seu time, todos têm em comum o amor pelo melhor frango mundo."

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