Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá

Para WSJ e FT, AMLO não parece ser Lula

Cobertura internacional tenta identificar sinais de moderação no esquerdista mexicano

Ao Norte, o editorial sempre ultraconservador do Wall Street Journal, sobre a provável eleição de Andrés Manuel López Obrador no México, escreveu que “os otimistas dizem que está seguindo o manual do brasileiro Lula da Silva”. E ele “moderou suas ideias”, de fato, “porém AMLO continua sendo um homem de esquerda cujos instintos são por controle da economia”.

Sob o título “AMLO é Lula?”, o Financial Times foi pela mesma linha, em coluna, registrando algum paralelo, mas dizendo que “a diferença mais importante” é que Lula foi "líder sindical, trabalhava com as empresas e sabia o que significa ter um acordo com uma folha de pagamento todo mês”. Já AMLO, “diferentemente, é um ativista social, com pouca experiência sobre empresas e como funcionam”.

Ao Sul do México, por outro lado, o guatemalteco El Siglo fez essa mesma comparação, mas para concluir que AMLO está “mais perto de Lula e menos de Hugo Chávez”.

Enquanto isso, na manchete digital do Excelsior, maior jornal mexicano, o destaque era para o alívio do candidato com a falta de incidente grave na votação: “Tudo está na santa paz, destaca AMLO”.

Mas Donald Trump já foi à Fox News atacar os imigrantes do vizinho e ameaçá-lo com tarifas sobre a importação de carros, caso não ceda na renegociação do acordo comercial Nafta —o que foi parar na manchete no WSJ.

CRUCIAL

Enquanto alguns ponderam uma versão de Lula no México, outros imaginam qual será o seu papel no Brasil.

A agência estatal Xinhua, ouvindo Wang Peng, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, afirmou que, se o petista não puder se candidato, “seu apoio será crucial” num cenário com postulantes de desempenho fraco —e, em especial, com Jair Bolsonaro mostrando pouca força num eventual segundo turno.

PERSISTENTE

A consultoria americana Eurasia, via Bloomberg, avaliou que “Lula vai moldar a eleição”, sobretudo pela “deterioração das perspectivas econômicas”.

Na sequência, também falando à Bloomberg, o alemão Mark Mobius, uma das referências na gestão de aplicações financeiras nos emergentes, afirmou que “a persistente popularidade de Lula e seus apoiadores pode desacelerar o movimento por reforma governamental total” no Brasil —e se declarou “preocupado”.

DILMA CANDIDATA

Com o retrato acima, de Hilary Swift, o New York Times noticiou que "a primeira líder mulher da nação espera retornar como senadora" no Brasil, a exemplo de Cristina Kirchner na Argentina e também Álvaro Uribe na Colômbia, ambos transformados em "figuras importantes da oposição".

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