Antes mesmo do Datafolha, veículos como Financial Times e o canal financeiro CNBC destacavam o “maior salto em meses” na Bovespa e a queda no dólar em resposta à “ampliação da liderança do candidato de extrema direita” no Ibope.
No dizer do banco de investimento Goldman Sachs, ouvido pelo FT, “isso é claramente favorável a Bolsonaro, e os mercados reagiram positivamente”.
No Brasil, o Valor Econômico falou em “euforia”. E o Infomoney, da XP Investimentos, destacou enunciados como “melhor pregão do ano com Bolsonaro em alta”, “bancos disparam”, “dólar desaba”, além da pergunta, em título: “Bolsonaro vencendo no primeiro turno?”.
O hoje analista William Waack, do Infomoney, chamou a atenção para a alta na rejeição do “candidato indicado pelo presidiário” e afirmou: “A onda antipetismo está crescendo, difusa e enorme”.
PRESIDIÁRIO, BANDIDO
Ecoou ao longo do dia, por New York Times e outros, o que o título da Reuters noticiou como “Juiz brasileiro libera depoimento danoso ao PT dias antes da votação”. A delação foi parar na propaganda do PSDB.
Paralelamente, no Instagram, a mulher do juiz Sergio Moro postou seguidas vezes contra “votar em bandido”, como noticiou a Folha. E até a filha do comandante do Exército, general Villas Bôas, como noticiou O Globo, entrou em campanha contra “presidiário mandando” no país.
PRISIONEIRO POLÍTICO
Veículos à esquerda nos EUA, como The New Republic e Boing Boing, publicaram artigos em defesa do voto em Haddad, com fotos e enunciados como “O homem que separa o Brasil do autoritarismo”, no primeiro.
E o site The Intercept publicou longo texto do ativista e intelectual Noam Chomsky (MIT), sob o também longo título “Eu acabei de visitar Lula, o mais proeminente preso político do mundo. Um ‘golpe suave’ nas eleições do Brasil terá consequências globais” (acima). Ele cobra a liberação da entrevista pedida pela Folha.
A QUEDA DO CENTRO
A Foreign Affairs, revista do Council on Foreign Relations, instituição que abriu as portas para Bolsonaro nos EUA em fevereiro, publicou a análise “O declínio e a queda do establishment político do Brasil” (acima).
Destaca que, “vencendo Bolsonaro ou não, uma transformação está em andamento”, com o enfraquecimento do “centro tradicional que comanda o país desde a transição da ditadura militar”. E elogia, em Bolsonaro, a “campanha inovadora baseada em uso pesado de mídia social”.
MEDO MASCULINO
No FT, o colunista Gideon Rachman sublinhou, como fator para a ascensão do populismo de direita em países como Brasil, Filipinas, Itália e EUA, a raiva ou “ira masculina”. Seria uma reação ao crescente questionamento dos papéis de gênero, o que “leva homens a temer a perda de poder”.
Daí Bolsonaro e o filipino Rodrigo Duterte “incorporarem insultos sobre estupro em sua retórica política”, seguidos de perto pelo italiano Matteo Salvini, que recorre a “insultos sexuais para rebaixar” adversárias.
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