Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá

Trump ameaça o estado de direito e a paz, alerta Sachs

South China Morning Post e Wall Street Journal já tratam caso Huawei como 'político'

Na manchete do South China Morning Post, de Jack Ma, do Alibaba, “Prisão de diretora da Huawei mostra riscos para executivos com EUA mirando pessoas”, além das empresas.

O jornal reproduziu trechos de artigo de Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia, de Nova York, tratando a prisão como “parte de uma guerra econômica contra a China”.

O texto, que foi publicado com destaque em vários países, a começar do Globe and Mail, o principal jornal do Canadá, que prendeu a executiva chinesa a pedido dos EUA, vai além.

Sob o título “Os EUA, não a China, são verdadeira ameaça ao estado de direito internacional”, Sachs diz que a prisão é ainda mais provocativa “porque se baseia em sanções extraterritoriais americanas —ou seja, a pretensão dos EUA de ordenar que outros países parem de negociar com terceiros, como Irã ou Cuba”.

Mais importante, os EUA de Donald Trump “rejeitam agora o papel do Conselho de Segurança da ONU”, até então o foro para decidir sanções extraterritoriais. Fechando o artigo, “O governo Trump é hoje a maior ameaça ao estado de direito internacional e, portanto, à paz no mundo”.

SEQUESTRO POLÍTICO

Em entrevista à Reuters, Trump disse que poderia intervir no pedido de prisão da executiva chinesa, para fechar um acordo comercial.

O SCMP destacou que a declaração “alimenta a crença popular na China de que a prisão foi ‘sequestro político’ para obter vantagem na guerra comercial”. Até o Wall Street Journal noticiou  a entrevista sob o enunciado “O caso Huawei acaba de ficar (mais) político”.

EUA TEMEM

E agora o Financial Times, que foi criticado diretamente por Sachs, passou a explicar o caso Huawei ressaltando que “os EUA temem perder vantagem” na corrida pela tecnologia 5G. A China, afirma, está “na frente”.

CENSURADO

Um cardeal australiano teria sido condenado por abuso sexual, mas os jornais do país —e os que chegam lá via internet— estão proibidos pela justiça de noticiar até a decisão final. O Herald Sun levou a ordem à manchete, “Censurado” (acima).

SÓ NO PAPEL

No exterior, a cobertura se dividiu, com o alemão Süddeutsche Zeitung, por exemplo, noticiando o veto sem citar a condenação ou o nome do religioso —e avisando que os leitores poderiam saber de tudo, mas só no jornal impresso.

Já veículos americanos como Daily Beast e Washington Post não só noticiaram como criticaram os jornais que respeitaram a justiça australiana.

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