A desvalorização do real foi parar nas capas argentinas, com chamadas sobre as suas causas e "o impacto" no país.
Entre as primeiras, para o La Nación, estão a "instabilidade" da América Latina e a "ausência de multinacionais americanas" no leilão do pré-sal. Quanto ao impacto, o Clarín teme pelas exportações da Argentina.
Já o Ámbito Financiero alertou para o "Brasil à beira de uma grande desvalorização", enquanto "os olhos do mundo" estão no Chile e Bolívia.
Avisa que, "para além de explicações conjunturais como a libertação de Lula ou os conflitos no Chile e Bolívia", o deficit fiscal brasileiro está em "alarmantes 7%" --e "o dinheiro grátis (crédito abundante) está acabando no mundo".
Aponta "alto risco de uma fuga de dólares no Brasil", a médio prazo. O alerta ecoou por outros argentinos.
À RECONQUISTA?
Le Figaro e Washington Post (ambos acima) seguiram Lula até Recife, para a festa-comício de domingo.
No francês, no alto da capa impressa de terça, o correspondente Michel Leclercq escreveu sob o título "Mal saiu da prisão, Lula vai à reconquista do Brasil". No americano, o relato do correspondente Terrence McCoy foi intitulado "Fora da prisão, Lula quer o Brasil de volta. Mas o sentimento é mútuo?".
A VEZ DA COLÔMBIA?
A Reuters, por New York Times e outros, noticia que a "Colômbia autoriza medidas antidistúrbios" e correspondentes estrangeiros se perguntam se o país "é o próximo".
Sindicatos e estudantes chamaram greve geral para esta quinta (21). O El Tiempo passou a manchetar medidas como o "fechamento das fronteiras" e a autorização de "toque de recolher", além de conclamações ao "uso das Forças Armadas". O "plano de choque" foi montado pelo general Óscar Atehortúa, da Polícia Nacional.
REALIDADES ARTIFICIAIS
Por outro lado, o El Espectador vem manchetando as "razões para a greve nacional" na Colômbia, concentrando-se nas reformas do Centro Democrático, partido do presidente Ivan Duque e do ex Álvaro Uribe.
E busca paralelos com o Chile, também saudado na "imprensa internacional" pela macroeconomia, "sem mirar os dados sociais e o descontentamento com a deterioração da qualidade de vida", educação inclusive. É o que explica a chilena Marta Lagos, do Latinobarómetro, recorrendo ao sociólogo francês:
"Pierre Bourdieu dizia que era perfeitamente possível criar realidades artificiais e foi isso o que se criou com o Chile."
CONTRA INTIMIDAÇÃO
O WP anunciou em página inteira (acima) que o Comitê para a Proteção de Jornalistas, em parceria com o jornal, homenageia nesta quinta (21), em Nova York, seis repórteres de todo o mundo que "enfrentaram intimidação e retaliação" por seu trabalho, entre eles Patrícia Campos Mello, da Folha.
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