Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá

'Homem-tarifa' só perde a voz e as manchetes para o impeachment

Trump ocupou o noticiário com ameaças do aço brasileiro ao vinho francês, até sair o relatório do processo nos EUA

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Mal terminou o ciclo noticioso das tarifas contra o aço e o alumínio de Brasil e Argentina, na segunda à noite, e Donald Trump ameaçou o queijo e o vinho da França.

No New York Times, “França pode enfrentar 100% de tarifa conforme Trump confronta o país por imposto sobre empresas de tecnologia”. Seria pressão para a França não tributar Google, Facebook e outras americanas, influenciando outros países, "inclusive Reino Unido e Índia".

A ameaça foi preparatória para o americano questionar o presidente francês, Emmanuel Macron, que havia decretado a “morte cerebral” da Otan, na Economist. Na chamada posterior do NYT, “Trump abre cúpula da Otan atirando em Macron”.

Mas o próprio jornal acrescentou que a cúpula nesta semana terá como “foco principal” a China, um dos supostos “adversários globais” da aliança —o que o francês também nega.

E logo surgiram manchetes como “Trump diz estar pronto para esperar por acordo comercial EUA-China” até o final de 2020, mantendo as tarifas, no Financial Times. Ato contínuo, no destaque do Wall Street Journal, Wall Street caiu 400 pontos.

A sofreguidão do “homem-tarifa”, como ele mesmo se define, só foi acabar com a manchete da terça à noite, por quase toda parte, “Relatório de impeachment diz que Trump solicitou interferência estrangeira nas eleições”.

HUMILHANTE

Do correspondente Terrence McCoy, no Washington Post, “Tarifas de Trump mostram que política externa de ‘América Primeiro’ de Jair Bolsonaro saiu pela culatra”. Fala em “derrota diplomática humilhante” e ouve de analistas que, “diferente de Trump, Xi Jinping vê o Brasil como aliado-chave e parceiro estratégico na guerra comercial”.

O WP também dedicou a estreia de seu podcast em espanhol às tarifas contra Brasil e Argentina.

CHINA & RÚSSIA

No momento em que começava a cúpula da Otan, jornais privados chineses como o financeiro Caixin Global e o South China Morning Post manchetavam a abertura do gasoduto ligando a produção na Sibéria com cidades como Xangai.

De "grande implicação geopolítica", ele marca, segundo o SCMP, com a ilustração acima, como o "Inimigo comum, os EUA, aproximou a China e a Rússia".

MR. HYDE

O FT sumiu com sua cobertura do PIB brasileiro após noticiar a desconfiança quanto aos números, nos mercados financeiros de EUA e Europa.

E destacou reportagem de página inteira questionando se “Bolsonaro perdeu o momento” para aprovar as reformas —que têm pouco tempo até fechar de vez a “pequena janela de oportunidade”. Ecoando um banqueiro da Faria Lima, “conhecida como a Wall Street do Brasil”, acrescentou temer que o “crescimento demore e Mr. Hyde assuma” de vez o governo.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.