Na Alemanha, o Süddeutsche Zeitung festejou que "Oito milhões de máscaras chegaram" de Xangai. "O avião foi recebido em Munique pelo primeiro-ministro da Bavária, pelo ministro federal dos Transportes e pelo presidente da Lufthansa."

Já o Financial Times mobilizou seis correspondentes, de Berlim a São Paulo e Pequim, para noticiar que a "União Europeia alerta para guerra global de ofertas por equipamentos médicos". O aviso "vem após enxurrada de alegações na Europa e nas Américas de que suas encomendas da China foram, no último minuto, enviadas aos EUA".

Citando a crítica alemã à "pirataria" americana, o New York Times foi ouvir Peter Navarro, responsável pela implementação da Lei de Defesa de Produção, invocada por Donald Trump. Sobre sua nova "autoridade sobre empresas e suas redes mundiais de suprimentos", ele conta como a usou com a 3M, que tem fábricas na China:

"A empresa não estava disposta a informar sobre a distribuição das máscaras que produz ao redor do mundo e a fornecê-las ao povo americano. Ela quer agir como uma nação soberana, em termos do que permite que os EUA tenham de sua produção. E nesta crise existe apenas um país e apenas um presidente."

DESINTEGRAÇÃO

Em artigo no Wall Street Journal, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger proclama, já no título, que "A pandemia do coronavírus vai mudar para sempre a ordem mundial".

Escreve que o abandono do "equilíbrio de poder com legitimidade vai causar a desintegração do contrato social, tanto nacional como internacionalmente". E que um fracasso dos líderes em preparar uma nova ordem poderá "incendiar o mundo".

USE MÁSCARA

Tomando o cuidado de chamar de "Gripe de 1918" e não "Gripe Espanhola", a revista Time resgatou anúncios de jornal sobre a pandemia surgida nos EUA no fim da Primeira Guerra Mundial e concluiu que "existem coisas que nunca mudam".

Entre elas, um comercial de sabonete com o bordão "Você precisa lavar as mãos" e outro, da Cruz Vermelha, com "Use máscara" (acima).

PENA DE MORTE

No alto do site Drudge Report ao longo do fim de semana, com Reuters, "Secretário de Justiça ordena libertação de mais presidiários devido à pandemia". William Barr já havia determinado o envio amplo para prisão domiciliar, uma semana antes, mas assinou agora uma "ordem de emergência" diante do quadro em penitenciárias como Oakdale, perto de Nova Orleans.

O WSJ publicou extensa reportagem sobre Oakdale, que já soma cinco mortos e 46 contaminados, com enunciado para a frase de um preso: "Nossas penas de prisão se transformaram em penas de morte".