Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Coronavírus

'Linha do tempo' muda e embaralha uso político do coronavírus

Mortes pela Covid-19 nos EUA e Europa teriam começado semanas ou até 'meses antes' do que se pensava

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De uma hora para outra, desapareceram as manchetes digitais sobre a cobrança pelos EUA de reparação da China, da Fox News ao New York Times.

No lugar, em letras menores, como na home do NYT, "Coronavírus chegou à França em dezembro, dizem médicos, reescrevendo a linha do tempo da epidemia".

Começou com a entrevista ao vivo de um dos médicos franceses ao canal de notícias BFM TV, no domingo (acima, à esq.). Ele relatou que foi constatado, em amostra coletada em 27 de dezembro na periferia de Paris, um caso de coronavírus. E que a mulher do paciente, não testada, havia tido sintomas no dia 20.

Na segunda a Reuters já despachou que, "Após retestar, hospital francês descobre caso de Covid-19 em dezembro". Mas os veículos e agências dos EUA, como Wall Street Journal, Fox News e Associated Press, só foram entrar no assunto na terça.

O NYT lembrou então que "médicos nos EUA documentaram mortes pelo vírus semanas antes do que foi reportado inicialmente, e uma projeção sugere que surtos silenciosos se espalharam por semanas antes da detecção". No caso da França, acrescentou o WSJ, talvez "meses antes".

TEORIA CIRCULAR

As manchetes sobre cobrança de reparação chinesa haviam sido motivadas por entrevistas de Donald Trump e seu secretário Mike Pompeo, dizendo ter evidências de que o vírus saiu de um laboratório em Wuhan.

Na segunda, com repercussão, a National Geographic entrevistou Anthony Fauci, principal referência da força-tarefa americana contra a Covid-19, sob o título "Não há nenhuma evidência científica de que o coronavírus foi feito num laboratório chinês". Ele lamenta o "argumento circular".

TEM QUE COMPRAR

O South China Morning Post escolheu destacar um outro ponto da entrevista de Trump à Fox News, sobre a "primeira fase" do acordo comercial que prevê importação de US$ 40 bilhões em produtos agrícolas dos EUA, como a soja.

O enunciado, no alto da home, foi "'Eles têm que comprar': Trump diz que vai matar acordo se China não gastar".

DEPRECIAÇÃO

O problema de Trump é o Brasil, onde, segundo a Reuters, "os preços da soja alcançaram valores nominais recordes na esteira da forte desvalorização do real ante o dólar", levando a recorde de importação pela China.

Sites como Sohu registram que os preços brasileiros caíram tanto que, mesmo com a derrubada das tarifas chinesas sobre a soja americana, o Brasil segue em vantagem. Segundo a agência Xinhua, até a "Petrobras registrou recorde de exportações em abril", graças à China.

'SONHO'

Artigo no NYT (acima) afirma que o sonho modernista de cidades "não densas" como Brasília, sem aglomerações, pode retornar, pós-pandemia. "Aquela fantasia começa a fazer sentido, não é mesmo?", ironiza Richard Williams, da Universidade de Edimburgo.

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