Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá

Nos EUA, pela democracia, generais saem contra Trump

'Eu não posso ficar em silêncio', escreve almirante na Atlantic; ações se tornaram 'intoleráveis para um exército apolítico', diz general ao NYT

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Abrindo a semana, Donald Trump ameaçou usar os militares contra civis americanos. A partir de terça (2), generais e outros passaram a se manifestar frontalmente contra ele, pela imprensa.

O primeiro foi o almirante Mike Mullen, em artigo na Atlantic intitulado "Eu não posso ficar em silêncio". No subtítulo, "Nossos cidadãos não são o inimigo, nunca".

Também na Atlantic, no dia seguinte o general Jim Mattis (acima), ex-secretário da Defesa do próprio Trump, defendeu os manifestantes e afirmou que o presidente é uma ameaça à Constituição.

Trump ironizou então ter demitido Mattis —e o próprio ex-chefe de gabinete da Casa Branca, general John Kelly, veio a público desmenti-lo e "mostrar seu apoio a Mattis", manchete do Washington Post na quinta. Outro general, Douglas Lute, falou ao New York Times que as ações de Trump, após três anos, se tornaram afinal "intoleráveis para um exército apolítico".

E o general John Allen, ex-comandante da Otan, surgiu na Foreign Policy para alertar: "Podemos estar testemunhando o começo do fim da democracia americana". Deu até a data, "1º de junho de 2020", o dia da ameaça de Trump.

Tanto quanto o presidente, a presença ao seu lado do atual secretário da Defesa, Mark Esper, detonou a reação. Esper acabou recuando e se declarou, em entrevista coletiva, contra Trump.

NO EXTERIOR, TAMBÉM

Paralelamente, Robert Gates, ex-secretário da Defesa de George W. Bush e Barack Obama, surgiu na Foreign Affairs questionando "A supermilitarização da política externa americana", título de seu artigo.

NYT EM REVOLTA

Enquanto os militares reagiam à ameaça contra civis, o NYT publicava artigo de um senador sob o título "Envie as tropas".

Diante da revolta na própria Redação, o editor de Opinião, James Bennet, primeiro respondeu só via Twitter, mas se viu forçado a escrever no jornal admitindo o eventual erro da decisão.

Seu antecessor no cargo, Sewell Chan, questionou a publicação por, entre outras razões, sair após o próprio governo recuar da ação.

A CNN revelou então que o publisher do NYT, A.G. Sulzberger, acabou tendo de interceder, anunciando por comunicado interno um encontro geral da Redação para esta sexta.

PS 10h - Na noite de quinta, Sulzberger cedeu e, no título do próprio jornal, "NYT diz que artigo de senador não seguiu padrões" de edição. Prometeu mudar os procedimentos do departamento de Opinião, que é separado da Redação e só responde ao publisher.

NA VILA FORMOSA

De novo na home page do NYT, o cemitério de Vila Formosa (acima), em São Paulo, é a imagem recorrente da nova fase da pandemia, em que "a geografia da doença está mudando" para países como o Brasil, "com quase tantas mortes diárias quanto os EUA".

No Miami Herald, "À medida que mortes aumentam, intensifica-se clamor por impeachment de Bolsonaro", título de extensa reportagem.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.