Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá

Cobertura eleitoral nos EUA se vê 'num mundo orwelliano'

Questionar 'as mentiras de Trump talvez não importe mais', diz WP; 'mídia não aprendeu nada com 2016', diz Atlantic

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Após a repercussão do livro de Bob Woodward, em que Trump diz que minimizou (“downplayed”) a gravidade do coronavírus, o mesmo Trump foi à ABC dizer que na verdade ele exagerou (“up-played”) a gravidade.

Woodward foi então à CNN e desabafou: “Nós estamos vivendo num mundo orwelliano, e não é só por algum problema político. É sobre a vida das pessoas deste país”.

James Fallows, da Atlantic, com a foto acima, escreveu em seguida que “A mídia não aprendeu nada com 2016”. Avalia que a cobertura americana volta, por exemplo, a forçar a aparência de “dois lados” equivalentes —diante de um Trump que vê o respeito às regras “como uma fraqueza que pode explorar implacavelmente”.

Antes, a colunista de mídia do Washington Post, Margaret Sullivan, já havia escrito que questionar “as mentiras de Trump é essencial”, mas “é também cada vez mais infrutífero” e “talvez não importe mais”, não tenha efeito.

Em meio à discussão jornalística, o cientista político Ian Bremmer, da consultoria Eurasia, recorreu a uma pesquisa Pew mostrando que “os espectadores da Fox News e os leitores do New York Times são esmagadoramente partidários”, respectivamente republicanos e democratas.

Ou seja, “é tudo uma questão de consumir as informações com que você já concorda”.

DESINFORMAÇÃO

Vale também para a “interferência russa”, que voltou à cobertura. E enfrentou um freio de arrumação na New Yorker, questionando se é “tão perigosa quanto pensamos”, dado o seu alcance restrito em comparação, por exemplo, com qualquer tuíte de Trump.

Na discussão que se seguiu, foi lembrada a reportagem do NYT que apresentava, como evidência da campanha de desinformação, um tuíte com duas curtidas e um retuíte.

ELLSBERG & ASSANGE

O julgamento da extradição de Julian Assange, do WikiLeaks, chegou afinal à cobertura regular nos EUA, com despachos de agências como Associated Press, Reuters e Bloomberg noticiando o depoimento de Daniel Ellsberg, que vazou os Papéis do Pentágono para NYT e outros.

“Como Assange, Ellsberg enfrentou a perspectiva de décadas na prisão”, escreve a americana AP.

‘EU, PARTIDÁRIO?’

Em capa que o retrata como Alfred E. Neuman, personagem da revista "Mad", Mark Zuckerberg, do Facebook, aparece com boné pró-Trump. No título interno da extensa reportagem, "Facebook precisa de Trump mais do que Trump precisa do Facebook".

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