Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Sob pressão, cobertura atravessa quarto dia em suspenso

Associated Press explica demora para anunciar Pensilvânia; republicanos já lançam pontes para Joe Biden no Senado

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O site Decision Desk HQ, usado neste ano como referência na apuração por Twitter, BuzzFeed e outros, queimou a largada no meio da manhã, na sexta (6), projetando a vitória de Joe Biden.

Em seguida, Rush Limbaugh falou no rádio que Biden "pode dizer a si mesmo que foi eleito presidente, porque foi". Após o intervalo, contou ter recebido ligação de Bret Baier, da Fox News, perguntando se era isso mesmo. E o lendário radialista então negou, dizendo que havia sido um erro.

Pelo "quarto dia", como anotou a manchete do Wall Street Journal, acumularam-se enunciados ansiosos, como "Biden chega mais perto da vitória", no New York Times.

À tarde, a agência Associated Press, que há quase dois séculos projeta o vencedor, achou por bem despachar o artigo "Explicador: Por que a AP não declarou a Pensilvânia" para Biden.

Pela quantidade de delegados, é o estado que definiria o resultado, mas a diferença é muito pequena, explicou a agência, e a legislação estadual requer recontagem se ela não superar 0,5%.

Cresceu então a pressão. Joe Scarborough, da MSNBC, afirmou que "não existe razão para as TVs não projetarem a Pensilvânia para Biden agora mesmo, qualquer um pode ver os dados", apelando por fim: "Call". Ou seja, anunciem o vencedor no estado.

Também Jon Ralston, editor do Nevada Independent: "Call it. Just call it!".

Até Nate Silver, do site FiveThirtyEight, entrou: "Não declarar [encerrada] a disputa quando o resultado é óbvio em estados como Pensilvânia e Nevada dá ao presidente mais tempo para espalhar desinformação".

OLHANDO PARA A FRENTE

No Politico, "O novo casal poderoso da América: Mitch e Joe" (imagem acima), reportagem sobre os prováveis futuros líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e presidente do país, Biden, que teriam uma relação "forjada por anos como colegas".

Junto com o Axios, o site sugere que McConnell vetaria secretários à esquerda, como Bernie Sanders e até Stacey Abrams.

Os filhos de Trump ainda cobram apoio dos líderes republicanos, mas os dois sites voltados aos bastidores de Washington destacam que eles já se preparam para a Casa Branca democrata.

O influente senador Lindsey Graham também lança pontes, prometendo aprovar as indicações para o secretariado —desde que os nomes sejam negociados com eles.

GOVERNO DIVIDIDO

Os principais jornais evitam especular sobre possíveis acertos entre democratas e republicanos via Senado, mas o colunista Paul Krugman, do NYT, já critica, enquanto Peggy Noonan, do WSJ, saúda o eventual "governo dividido".

No Financial Times, "Por que os investidores estão otimistas com o governo dividido nos EUA".

TRUMP NEWS

Jornalistas do NYT à ABC e ao Daily Beast relatam que Trump vem tratando desde terça, como já destacou o Drudge Report, da criação de um canal para concorrer com a Fox News.

No dia da eleição, em conferência para acionistas, Lachlan Murdoch, CEO da Fox News, foi questionado e falou, segundo The Wrap (imagem acima): "Nós amamos competição".

CNN COBRA FOX NEWS

Sob ataque da campanha de Trump, para não anunciar a vitória de Biden, a Fox News se viu pressionada na direção oposta pela CNN. O âncora Jake Tapper cobrou da família Murdoch, dona da Fox News, que "coloque o país acima do lucro". Brian Stelter, comentarista de mídia da CNN, falou que "Rupert e Lachlan serão os responsáveis pelo que o canal fará nas próximas horas".

Stelter chegou a afirmar que a Fox News teria distribuído um memorando interno proibindo usar a expressão "presidente eleito" para descrever Biden, mesmo que ele venha a ser declarado vencedor. Mas a Fox News negou —e dois de seus âncoras noticiosos, Bret Baier e Chris Wallace, usaram a expressão no ar, na sexta.

FINALMENTE

No Drudge Report, "Bolsonaro vira: Trump não é a pessoa mais importante no mundo". No tuíte linkado pelo portal, ele "finalmente abandona o barco".

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