Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Coronavírus

Sob pressão, EUA cedem à Índia, mas não nas patentes

Após Pequim oferecer ajuda, Washington libera matérias-primas para imunizantes indianos; farmacêuticas vetam ceder direitos

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Na manchete do indiano Dainik Jagran, as “empresas dos Estados Unidos” cederam e devem enviar as matérias-primas cuja exportação vinha sendo barrada, dificultando a produção de vacina na Índia —segundo o laboratório Serum, o maior do país.

O Times of India afirmou que “a resposta descuidada de Washington” até então, aos pedidos de Nova Déli, “estavam fazendo com que perdesse o apoio público conquistado a duras penas na Índia, considerando que até a China se manifestou para ajudar”.

Além da oferta chinesa, a decisão foi precedida por extenso editorial do New York Times no sábado, culminando semanas de reportagens e colunas nos EUA pressionando Joe Biden a agir, diante do avanço da diplomacia da vacina de China e Rússia.

O jornal escreveu que “o mundo não pode se dar ao luxo de esperar que os problemas sejam resolvidos em um país” e Washington “tem que agir já”. Sugeriu, antes de mais nada, que Biden derrube o veto à exportação —o que ele fez no domingo, afinal, com a Índia.

O NYT chegou a sugerir, em segundo plano, suspender as patentes, para que as vacinas sejam produzidas mundo afora.

É a demanda original da Índia e de outros cem países, “bloqueada por um pequeno número”, como destacou a CNBC, “incluindo EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Brasil”.

LOBBY APELA

Com a pressão pela renúncia das patentes, noticia o Financial Times, “o lobby da indústria aumentou em Washington” e as “empresas disseram em reuniões privadas com a Casa Branca que abrir mão dos direitos de propriedade intelectual poderia permitir que China e Rússia explorassem tecnologias como mRNA, que pode ser usada para outras vacinas ou terapias para doenças como câncer”.

Procuradas, “Johnson & Johnson, Pfizer, Moderna e Novavax não responderam”.

PFIZER MANDA

O editorial do NYT explicita que, “em outros países, a Pfizer não só cobrou proteção contra todas as ações judiciais, mas solicitou aos governos que disponibilizassem ativos soberanos, inclusive suas reservas, embaixadas e bases militares, em garantia contra ações”.

Como alguns, “compreensivelmente, rejeitaram as demandas, o resultado foi que o ritmo de seus contratos de compra diminuiu”.

DE VOLTA À FOME

Na capa do NYT, com fila da sopa no Pátio do Colégio (acima), em São Paulo, "Milhões passam fome conforme vírus se espalha pelo Brasil". O país vive "epidemia de fome, prova flagrante do fracasso" de Jair Bolsonaro, que resistiu às ações para conter a Covid com o argumento de proteger a economia.

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