Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Tóquio 2020

Naomi Osaka e Simone Biles disputam 'diversidade' nas Olimpíadas

Tenista protagonizou cobertura da cerimônia de abertura; ginasta estrela comercial e poderia levar cinco ouros

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A partir da cerimônia de abertura, a tenista Naomi Osaka ocupou as manchetes dos principais veículos japoneses, da rede de televisão NHK aos jornais Yomiuri Shimbun e Asahi Shimbun. Este, com enunciado informando que foi uma escolha de última hora da presidente do comitê organizador, Seiko Hashimoto, por "diversidade".

Hashimoto assumiu o cargo só em fevereiro, com a saída do antecessor após declarações sexistas. Como noticiou então a agência de notícias Kyodo, Naomi Osaka saudou sua ascensão como um sinal de "barreiras para mulheres sendo derrubadas".

Fora do Japão, a atenção para as Olimpíadas foi menor, passada a cerimônia, mas de New York Times a South China Morning Post (reprodução acima) as chamadas foram para a jovem tenista.

O Wall Street Journal sublinhou que Osaka "é filha de mãe japonesa e pai haitiano" e, embora jogue pelo Japão, "cresceu nos EUA". O NYT, que ela "representa muitas coisas neste ciclo olímpico", como questionar "velhas noções sobre raça" em seu país e mundo afora.

Ela se junta a outra estrela, esta inteiramente americana, Simone Biles, que não arriscou ir à cerimônia de abertura, mas ocupou o alto do Washington Post porque encabeçou com outros ginastas do "Team USA" um desfile fechado —com imagens divulgadas em mídia social.

Às vésperas da abertura, como destacou o financeiro Nikkei, a Panasonic se uniu a outros patrocinadores japoneses das Olimpíadas, inclusive o maior, a Toyota, e decidiu não veicular os comerciais sobre o evento no Japão, onde ele segue questionado diante da pandemia em alta. Mas não foi esse o caso dos anunciantes americanos.

Segundo o NYT, os planos de marketing seguiram em frente, citando marcas como Procter & Gamble, Michelob, Chipotle e destacando com foto o comercial da companhia aérea United Airlines, estrelando Simone Biles (abaixo). Ela é cotada para levar cinco medalhas de ouro.

Para além dos esforços de mídia de organizadores e patrocinadores, que tentam salvar um evento comercial quase injustificável, Osaka, Biles e outras, como a nadadora britânica Alice Dearing, abrem caminho para algo maior, na própria estrutura que cerca os Jogos.

O colunista Kurt Streeter ressalta como as Olimpíadas "dependem mas não apoiam" o chamado #BlackGirlMagic, movimento surgido há quase uma década para "inspirar, motivar e celebrar as mulheres negras", no descrição da BBC.

Segundo Streeter, "para o bem ou para o mal, as Olimpíadas de Tóquio finalmente chegaram, e isso significa que um fardo extraordinário recairá sobre os ombros de um grupo de atletas: as mulheres negras".

Elas têm de sustentar a imagem do Japão e dos anunciantes, ao mesmo tempo em que acompanham o que foi feito da sul-africana Caster Semenya, ouro nos 800 metros nas duas últimas edições —e agora proibida de participar porque não aceitou reduzir artificialmente seu nível de testosterona.

A contragosto, como deixou claro ao Financial Times o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, foram liberados os protestos dos atletas, que já começaram, concentrados em racismo.

A lançadora de martelo americana Gwen Berry é uma das que prometem ir além de se ajoelhar.

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