O CEO do grupo alemão Axel Springer, Mathias Döpfner, justificou em entrevista ao jornal financeiro Handelsblatt a compra do site americano Politico por 630 milhões de euros, dizendo ser um veículo "altamente lucrativo, com margem de 30%" e "potencial enorme" (reprodução abaixo).

Dono do maior jornal da Alemanha, o tabloide Bild, e do Die Welt, o grupo já dividia o controle do Politico na Europa, onde o site se estabeleceu em 2014 para cobrir a região a partir de Bruxelas, com 200 jornalistas. Döfner projeta "internacionalizar" ainda mais o site.

Nos Estados Unidos, onde se concentra em Washington e nos bastidores do poder, o Politico tem 700 jornalistas. É o segundo grande investimento do Axel Springer no mercado americano, onde já adquiriu o Business Insider, hoje só Insider, em 2015.

No jornalismo americano, o portal Drudge Report soou alarme, "Os alemães estão chegando!", e até o New York Times alertou que o dono alemão "pode abalar a cena da mídia em Washington".

A maior parte das reações se deve ao viés conservador do grupo, chamado de "Murdoch da Alemanha", embora Döfner tenha defendido, no comunicado sobre a aquisição, "a necessidade de independência editorial e cobertura apartidária".

A compra da editora americana Simon & Schuster pela Bertelsmann, no final de 2020, já havia levantado críticas ao avanço dos "leviatãs" alemães de mídia nos EUA, por parte do próprio Rupert Murdoch.