Nas manchetes de New York Times e vários financeiros, "FMI alerta para inflação e para desaceleração da recuperação", no encontro anual com o Banco Mundial, em Washington.
Mas havia muito mais acontecendo, nos bastidores. Escondido na página 9 do Wall Street Journal, "Chefe do FMI continua após investigação". A chinesa Caixin e o nipo-britânico Financial Times noticiaram com mais destaque.
Foram semanas de pressão americana contra a diretora do Fundo, a búlgara Kristalina Georgieva, a partir de uma investigação que a acusou de favorecer a China, quando trabalhava no Banco Mundial.
A investigação foi de um escritório de advocacia de Washington contratado pelo presidente do Banco Mundial, indicado por Trump. Senadores democratas e republicanos vieram a público contra ela. A secretária do Tesouro de Biden não atendeu nem retornou suas ligações.
Na reta final, até Jair Bolsonaro foi usado contra ela. Na Bloomberg, "FMI liderado por Georgieva se dobra ao Brasil ao atenuar alerta climático", de acordo com "funcionários".
Mas França, Alemanha, Itália, Rússia e outros europeus, além da China, foram contra e barraram o que o Nobel de economia Joseph Stiglitz chamou de "tentativa de golpe no FMI".
Como contexto para o episódio, coluna no FT relatou que está prevista, para o ano que vem, uma proposta de elevação na cota chinesa no Fundo, que se aproximaria do percentual americano. A proposta será apresentada por Georgieva.
O problema seria a "rivalidade Estados Unidos-China", em que o país "hegemônico" do sistema financeiro mundial, desde 1944, agora "enfrenta um desafiante".
A economista indiana Jayati Ghosh, da Universidade Nehru, em artigo do Project Syndicate, que centralizou boa parte do debate, escreveu que "o verdadeiro problema é o poder desproporcional dos EUA" no FMI e noutras instituições. O chinês Guancha concorda.
MAIS GUERRA COMERCIAL?
Na manchete do financeiro alemão Handelsblatt, "União Europeia e Reino Unido caminham para guerra comercial". Londres "está ameaçando abandonar o protocolo da Irlanda do Norte", que havia assinado no acordo para deixar a UE.
"A resposta em Bruxelas é que o comportamento dos britânicos terá um 'preço alto'."
A LISTA
Com imagem da sede do Facebook em Menlo Park, Sam Biddle, do Intercept, levantou e publicou a relação de 4 mil "organizações e indivíduos perigosos" elaborada pela empresa, para supressão de acesso e compartilhamento de conteúdo em suas plataformas, que alcançam cerca de 3 bilhões de pessoas.
Com base em arquivo do governo americano, a lista abrange até "crianças, hospitais e emissoras de TV" e seria "desproporcionalmente composta de nomes muçulmanos".
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