Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
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Redações se apagam e abrem caminho para crimes corporativos

Nos EUA e na China, veículos que revelam e constrangem violações por empresas enfrentam obstáculos e supressão

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Redações locais nos EUA estão diminuindo ou, junto com seus títulos centenários, desaparecendo de vez. Agora, um estudo da Harvard Business School deu números a um dos principais impactos disso.

Cruzou dados sobre mais de mil empresas punidas por órgãos federais americanos, de 2000 a 2017, com aqueles sobre o fechamento de jornais da cidade ou região de cada empresa.

Após a Redação ser fechada, as punições cresceram 15,2% —e por infrações mais graves. "Indica que a imprensa local é um monitor eficaz da má conduta corporativa", diz Jonas Heese, autor do estudo.

Na Atlantic, perfil do fundo ‘abutre’ Alden Global, que engoliu 200 jornais nos EUA - Reprodução

"É importante porque não havia evidências sistematizadas disso e porque a circulação de jornais locais, nas últimas duas décadas, diminuiu 50%, segundo a Pew", acrescenta.

São violações de normas ambientais ou de segurança no trabalho, entre outras. Quando ninguém está olhando, diz Heese, caem "os custos de reputação das empresas junto aos clientes, muitas vezes maiores do que as punições legais".

Na mesma direção, a revista The Atlantic acaba de retratar o "esvaziamento" de alguns dos maiores jornais locais americanos, em extensa reportagem sobre o fundo "abutre" Alden Global, que já adquiriu mais de 200.

Entre eles, Chicago Tribune, NY Daily News, Baltimore Sun, Denver Post. Neste, desde a aquisição, dois terços da Redação já foi dispensada.

Noutro contexto, a imprensa chinesa passa por pressão semelhante. Quatro títulos que se destacaram exatamente na revelação de crimes corporativos, os financeiros Caixin, Caijing, Jingji Guancha Bao e 21CBH, acabam de ser tirados da lista de veículos com reprodução permitida pelo governo.

Suas reportagens não poderão ser exibidas por portais como Sina, do mesmo grupo da rede social Weibo, ou Toutiao, do grupo do TikTok. A reprodução é comum no país, e os portais são populares para o consumo de notícias.

Dos quatro, o que causa mais consternação é a Caixin, da temida editora Hu Shuli, mas o South China Morning Post sublinha que, segundo fontes, o veículo adotou assinaturas há quatro anos e hoje combate a prática da reprodução.

De todo modo, alguns viram num post de Hu Shuli com cabeças de porco, semanas atrás no Weibo (reprodução acima), uma crítica indireta a Xi Jinping, pelo cerco atual às Redações mais agressivas.

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