Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Descrição de chapéu toda mídia

Alemanha recusa conflito com Rússia, apesar da pressão

Berlim quer manter vínculo energético com Moscou, que amplia laços comerciais com Pequim, inclusive gasodutos

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Em entrevista no alto da primeira página do Süddeutsche Zeitung (imagem abaixo), o novo chanceler alemão, o social-democrata Olaf Scholz, afirma que eventuais sanções à Rússia, por ações contra a Ucrânia, precisam ser decididas com "prudência".

"Nós temos que considerar as consequências que isso terá para nós", diz ele, acrescentando que ninguém deve pensar que existam medidas sem efeitos para a Alemanha. A entrevista fecha uma semana em que Berlim resistiu à pressão de Washington para romper laços econômicos com Moscou.

Começou quando o diretor da CIA, William Burns, viajou para se encontrar com Scholz —e ouviu a negativa alemã à suspensão da Rússia do serviço global de pagamentos Swift. Foi manchete exclusiva do financeiro alemão Handelsblatt.

Teria ouvido também a recusa de Scholz em se encontrar "de última hora" com Joe Biden, segundo reportagem de capa da revista Der Spiegel. O argumento teria sido que "os próximos dias já estão agendados com viagens e reuniões importantes". O encontro ficou para um mês depois.

OPOSIÇÃO TAMBÉM

Scholz foi sustentado pelos dois líderes da oposição de direita. Friedrich Merz, da CDU, declarou à agência alemã DPA que a exclusão da Rússia "basicamente quebraria a espinha dorsal do sistema internacional de pagamentos", com "enormes consequências para a economia" de seu país.

Markus Söder, da CSU, em entrevista ao Frankfurter Allgemeine Zeitung deste domingo, falou não só contra a exclusão russa do Swift, mas contra sancionar o gasoduto Nord Stream 2. "Mesmo no pior da Guerra Fria, não havia questionamento sobre a ligação energética" com a Rússia, argumentou, acrescentando:

"Em algum momento, o Ocidente terá que responder à pergunta-chave: há um plano para expandir a Otan para incluir a Ucrânia ou não?"

BORIS MUSCULOSO

Sem Berlim, o noticiário americano entrou no fim de semana com os sinais de Londres. "Reino Unido diz que Moscou está planejando instalar um líder pró-russo na Ucrânia", chegou a destacar o New York Times, no site.

Depois baixou a atenção, acrescentando em análise que, "em meio aos escândalos do primeiro-ministro Boris Johnson", seu governo "busca um papel mais musculoso no impasse com a Rússia".

Paralelamente, o Times de Londres perfilou os "guerreiros de extrema-direita prontos para a guerra com a Rússia", entrevistando um integrante da milícia Setor Direito recém-condecorado pelo presidente como Herói da Ucrânia.

Reuters

RÚSSIA & CHINA

South China Morning Post e a edição em inglês do Nikkei, este com foto do porto de Kaliningrado (acima), deram manchetes para Pequim e Moscou "mais próximos do que nunca" diante de "Washington hostil".

O comércio bilateral saltou 36% no ano passado, e a presença de Vladimir Putin ao lado de Xi Jinping no próximo dia 4, para as Olimpíadas de Inverno, "pode incluir um contrato final" para construir o segundo gasoduto entre os dois países.

O primeiro foi aberto em 2019. O segundo usaria as mesmas reservas do gás enviado à União Europeia e seria alternativa para a defesa econômica russa, em caso de sanções contra o Nord Stream 2.

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