Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Novo veículo global 'imparcial' vem também para o Brasil

Projeto de Ben Smith, ex-NYT, e Justin Smith, ex-Bloomberg, busca audiência supranacional, sem cacofonias 'tribais'

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O jornalista Ben Smith, que foi colunista de mídia do New York Times até duas semanas atrás e editor-chefe do BuzzFeed News, começa a montar seu novo veículo, sediado em Nova York e voltado à cobertura mundial.

Ainda sem nome, é tratado por Project Coda e prevê uma grande redação global. Questionado sobre a eventual presença na América Latina, ele responde: "Com certeza, planejamos lançar em algum momento no Brasil e no resto da América Latina, embora não saibamos quando".

Acrescenta: "Penso que há uma enorme quantidade de jornalismo excelente sendo produzido no Brasil, mas também descobri com o BuzzFeed que há um enorme apetite por uma voz independente e de alta qualidade".

Ben Smith durante programa na CNN, em 2018
Ben Smith durante programa na CNN, em 2018 - Reprodução

A edição brasileira do BuzzFeed News, em português, durou quatro anos, fechando devido à crise econômica desencadeada pela pandemia, como anunciou em agosto de 2020. Smith havia saído para o NYT sete meses antes.

Seu público-alvo agora é outro, como ele e o executivo à frente do projeto, Justin Smith, vêm repetindo há mais de duas semanas. "Há 200 milhões de pessoas com formação universitária, que leem em inglês, que conversam entre si", descreveu o jornalista ao próprio NYT. "É o nosso público."

São 200 milhões que teriam mais em comum entre si do que com seus concidadãos, seus países de origem.

The Smiths, como os dois passaram a ser chamados, pretendem oferecer um "jornalismo imparcial", sem viés, para um público global que hoje "é servido em grande parte por mídia nacional, com matérias através das lentes de mídia social e da política nacional polarizada".

A avaliação de Ben Smith, que se tornou um analista de mídia influente em seus dois anos no jornal americano, é que a própria coleta de notícias acabou sendo afetada pelas redes sociais —que premiam a polarização.

A visão é compartilhada com Justin Smith, que deixou o cargo de presidente-executivo da Bloomberg Media para construir o Project Coda. É descrita em anotações que enviou a colegas, quase uma despedida da Bloomberg, obtidas pelo site Axios.

Em suma, escreve o executivo, "ao redor do mundo, a mídia nacional e as redes sociais globais são muitas vezes cacofônicas, tribais, partidárias, radicalizadoras, servindo algoritmicamente ao menor denominador comum e amplificando o conteúdo mais básico, apresentando às pessoas fatos alternativos que elas querem ouvir em vez dos fatos compartilhados de que precisam".

Sobre fontes de receita, ele prevê o básico do modelo de negócios hoje, assinaturas, publicidade "premium" e eventos. Mas acrescentou a Dylan Byers, do site Puck, estar em negociação com investidores que "serão anunciados num futuro próximo".

Não serão necessariamente americanos. No memorando aos colegas, ele enfatiza que sua trajetória, sobretudo na Bloomberg, o levou a morar em Pequim "por dois anos" e Hong Kong, além de Paris, Londres, Nova York e Washington. Também Uagadugu, na África.

Justin Smith não esconde que sua referência é a própria Bloomberg, onde ficou quase uma década e que, apesar de ser uma criação do magnata e político americano Michael Bloomberg, é vista como relativamente imparcial até no governo chinês.

E nesta semana Hejuan Zhao, editora que trabalhou nos mais independentes veículos financeiros chineses, Caijing e Caixin, anunciou que quer transformar aquele que ela mesma fundou, TNT, na "Bloomberg chinesa".

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