O discurso de Vladimir Putin e o envio de soldados ocuparam o topo do noticiário na Europa e EUA, com o Komsomolskaya Pravda, de Moscou, ressaltando a própria íntegra do pronunciamento e com o New York Times recorrendo a adjetivo na manchete, "Rússia reconhece separatistas da Ucrânia, em movimento sinistro" (ominous).
Na China, foi o tópico principal na rede social Sina Weibo, destacando postagens sobre o reconhecimento das duas regiões, com notícia da rede CCTV, e logo abaixo sobre declarações do governo ucraniano. Rússia e Ucrânia são ambos aliados estratégicos chineses, e Pequim se esforça agora por aparentar distanciamento de Moscou.
A atenção nos jornais russos e outros logo se voltou para o próximo passo: as punições econômicas que EUA, Alemanha e França planejam fazer. O NYT adiantou que Washington anunciou sanções às duas repúblicas separatistas, "mas por enquanto não contra a Rússia".
Os financeiros russos Kommersant e RBC já tinham reportagens encaminhadas e publicaram com destaque. O primeiro sublinha que o "alvo mais óbvio" é o gasoduto Nord Stream 2, "mas as autoridades da Alemanha e da União Europeia, embora tenham dado como potencial objeto de sanções, não têm posição inequívoca sobre o assunto".
O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, chamou coletiva na última sexta para avisar: "Estamos discutindo sanções com a UE e, no correr dessas discussões, demos a conhecer a nossa posição, de que elas devem se concentrar em setores específicos, sem incluir energia".
Se as ações contra o Nord Stream 2 forem de fato limitadas, o alvo seguinte são os bancos russos. É a preocupação principal do RBC, que projeta a proibição total de compra de títulos da dívida e até o afastamento das instituições do país do sistema do dólar.
Mas o que pode tornar as sanções "catastróficas", avalia o Kommersant, é se elas alcançarem o setor de tecnologia, caso dos chips russos, projetados localmente, mas produzidos em Taiwan. A produção de smartphones poderia ser inviabilizada, avisa.
Por outro lado, o Financial Times alerta que, mesmo sem atingir o Nord Stream 2, as sanções que estão sendo especuladas atingiriam petroleiras como Exxon e BP e gigantes europeias de commodities como Glencore e Vitol, todas com investimentos na Rússia.
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