Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Alemanha começa a cair, mas não volta atrás na Guerra Fria

Com primeiro deficit comercial em décadas, país vê risco de indústria parar, mas segue se afastando de Rússia e talvez China

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No financeiro alemão Handelsblatt, "Após décadas de superavits, Alemanha importou mais do que exportou em maio", em "uma reversão histórica".

Foi devido em parte ao valor das compras de gás da Rússia, que saltou 55%, mas houve também "queda surpreendente das exportações" e as empresas "já veem modelo de negócios alemão sob risco".

O Wall Street Journal destacou dizendo ser "o primeiro deficit da Alemanha em mais de três décadas" e citando não só Rússia, mas China. "A perspectiva para exportações está enfraquecendo."

Falando à revista alemã Der Spiegel, o presidente da VW alertou contra os movimentos políticos para agora dissociar o país da China, argumentando que "a inflação aumentaria muito mais" e o quadro de crescimento e emprego resultaria "completamente diferente".

Quanto ao gás russo, segundo o Handelsblatt, algumas empresas "podem mudar para petróleo ou carvão", mas "a maioria está se preparando para parar a produção" (imagem acima). Destaca a Basf, "maior grupo químico do mundo", que anunciou que fecha seu maior complexo se o abastecimento baixar de 50%.

Também o presidente da central sindical alemã DGB, falando ao tabloide Bild, vê "setores inteiros em risco de colapso permanente, alumínio, vidro, indústria química, com consequências para a economia toda e os empregos".

Paralelamente, o Frankfurter Allgemeine Zeitung questiona os gastos bilionários para construir pelo menos quatro terminais de gás liquefeito, para receber o produto alternativo ao russo, em grande parte importado dos EUA.

"Em cinco a dez anos, eles não serão mais necessários", afirma o jornal, acrescentando que a demanda dos países industrializados, encabeçada pela Alemanha, "está esvaziando o mercado, com muito dinheiro", e já ameaça a oferta de gás para os emergentes.

No alto da americana Bloomberg, no fim do dia, "Gás dispara 700%, tornando-se a força motriz na nova Guerra Fria".

EX-NAZISTA

O alemão FAZ, que é de centro-direita, abriu manchete na terça (5) para entrevista com o embaixador ucraniano Andriy Melnyk, que deve deixar Berlim no fim do ano —após ter elogiado o colaborador nazista Stepan Bandera, dizendo não haver prova de que ele massacrou poloneses e judeus.

Os governos da Polônia e de Israel questionaram Melnyk, mas sua saída "não será um rebaixamento", diz o FAZ. Pelo contrário, Zelenski deve torná-lo vice-chanceler ucraniano.

Para o jornal, Bandera "não é um símbolo adequado" para o país, mas "os comentários de Melnyk devem dar aos alemães motivos para refletir sobre a difícil história da Ucrânia".

'ORAL QUESTIONS'

O aparente fim de jogo de Boris Johnson, com ministros cobrando padrões morais, foi precedido pelo que o New York Times noticiou como "Texto desaparecido deixa mídia de Londres em polvorosa", sobre artigo suprimido às pressas pelo Times, há duas semanas.

Escrevendo sobre a reportagem que sumiu, a revista Private Eye (acima) detalha que Johnson e a então amante, hoje mulher, teriam sido flagrados por um parlamentar em "questões orais" no "sofá do escritório" em 10 Downing Street.

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