O site Politico, do grupo alemão Axel Springer, questionou em extensa reportagem o chefe da diplomacia da União Europeia, o socialista espanhol Josep Borrell, por estar perdendo para o russo Serguei Lavrov a batalha por "corações e mentes" na África.
Citando dados de mídia social, comparou o impacto de um artigo do chanceler russo em jornais africanos, "culpando o Ocidente pela crise global de alimentos que deixa milhões à beira da fome no continente", com a única menção a Borrell, "um fantasma".
Este sentiu o golpe. Falando no dia seguinte à rádio Cadena Ser, reclamou que "alguns países africanos compraram o discurso" de Lavrov, mas também que "os meios ocidentais se fazem de caixa de ressonância da Rússia, uma certa tendência de escutar o inimigo".
Mais especificamente, "Lavrov vai à África, tenta convencer que as sanções são culpadas por tudo, e toda a mídia ocidental repete". Porém, quando "eu vou à África falar o contrário, ninguém dá".
A Europa calou "o inimigo" tirando do ar as versões locais da RT, o canal russo, mas ele manteve presença pelo mundo, segundo o Politico. Por exemplo, "nos países de língua francesa em toda a África, a RT France dobrou esforços por uma alternativa favorável a Moscou". Também na América Latina.
Sobre as sanções, o próprio presidente de Uganda, um dos países visitados por Lavrov, repetiu na RT o que ouviu dele:
"As sanções do Ocidente à Rússia não citam trigo ou fertilizantes. Mas, ele me explicou, o Ocidente impede navios russos em portos, então como eles virão? Também a questão dos bancos, proibidos de negócios com a Rússia. E as seguradoras, que puseram o seguro muito alto."
Nesta sexta, ao atender ligação do colega americano Antony Blinken, em parte para falar do acordo sobre transporte de trigo ucraniano e russo, do qual os EUA não participaram, Lavrov voltou à carga. No relato de seu ministério, linkado pelo New York Times:
"O ministro enfatizou que a situação é complicada pelas sanções dos EUA, e que as promessas dos EUA de dar isenções para o fornecimento de alimentos russos ainda não foram cumpridas. Indicou-se a inaceitabilidade do uso desse problema pelo ‘Ocidente’ em seus interesses geopolíticos."
‘BELICISTA’
Acima, o site do Die Welt, de Berlim, manchetou os primeiros protestos enfrentados pelo verde Robert Habeck, quando "a raiva pela guerra na Ucrânia, pela inflação e pela crise de energia surpreendeu o ministro" alemão da economia, na quinta.
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