O ex-chanceler Celso Amorim, falando ao serviço financeiro Bloomberg e à mais tradicional publicação de esquerda nos EUA, The Nation, afirmou que um governo Lula restabeleceria as relações com a Venezuela, a exemplo do colombiano Gustavo Petro.
"Como podemos ter um programa para a floresta amazônica sem a Venezuela?", justificou ele, acrescentando que "ter relações diplomáticas não significa aprovar um governo" e que o ex-presidente brasileiro considera divulgar uma carta "detalhando os compromissos sobre temas como clima, desmatamento e direitos indígenas".
Amorim prevê maior integração latino-americana, superior àquela dos primeiros governos de Lula, quando "você tinha [o venezuelano Hugo] Chávez de um lado, mas [o colombiano Álvaro] Uribe do outro".
"Havia alguns governos de natureza progressista num certo número de países, mas se Lula vencer em outubro será uma grande mudança, porque agora você teria não só a maioria, mas também os maiores países da América Latina compartilhando visões progressistas."
No destaque da Bloomberg, ele criticou as sanções à Rússia como erro (acima) e "alertou para os perigos de isolar uma economia tão grande e estratégica", argumentando ser "irresponsável não buscar paz". É o que defende desde o início, por exemplo, à alemã Der Spiegel.
Questionado pelos veículos americanos sobre voltar a cargo público, respondeu que "a pessoa certa será encontrada na hora certa", sobre o Itamaraty, e acrescentou:
"Você sabe, sou um cara de 80 anos. Fiz de tudo para servir ao meu país, então já fiz o suficiente. Mas se Lula quiser me oferecer um quartinho nos fundos e me chamar para tomar um café com ele de vez em quando, isso seria grande. Mas depende dele, não de mim."
INFLAÇÃO, INFLAÇÃO
O Financial Times, ouvindo analistas de mercado brasileiros, publica que "Bolsonaro aposta que melhora da economia será bênção eleitoral", sobre a recuperação no emprego e no setor de serviços. "No entanto, em 11,4% ao ano, a inflação continua alta", anota.
E a Bloomberg entrevistou Pérsio Arida, que foi presidente do Banco Central e "conselheiro econômico de Gerald Alckmin, agora companheiro de chapa de Lula". Ele alerta que medidas recentes estimularão mais inflação:
"O problema é que Bolsonaro dobrou as regras fiscais para transferências de dinheiro e isenções de US$ 11 bilhões, criando despesas adicionais sem fonte estável de financiamento."
INSOLÚVEL
No Washington Post, "Brasil endurece na cracolândia, e o mercado de drogas se espalha". A abordagem de "pressão policial" serviu, mais uma vez, "só para ver a cracolândia ressurgir em local diferente, para horror dos moradores e negociantes afetados" (acima).
Além das autoridades paulistas, anota o jornal, agora Bolsonaro e Lula têm ideias para enfrentar o que, segundo um pesquisador do Cebrap, "é mais que um dilema —é insolúvel".
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