Ao vivo, diferente dos canais de notícia, a Globo cortou antes de Ciro Nogueira falar. E foi preciso que a apresentadora Renata Vasconcellos surgisse minutos depois, com trecho do chefe da Casa Civil e a notícia:
"Aí você viu o ministro Ciro Nogueira dizendo que foi autorizado a iniciar o processo de transição de governo."
Quanto a Jair Bolsonaro, o pouco que indicou de sua aceitação do resultado foi o agradecimento inicial pelos 58 milhões de votos que recebeu —e o que comentou rindo ao mesmo ministro, sobre os jornalistas aglomerados diante deles: "Vão sentir falta da gente".
Foi o bastante para o New York Times optar pela manchete "Governo Bolsonaro concorda em aceitar derrota dois dias após eleição".
Logo abaixo, "Quebrando o silêncio, não reconheceu claramente sua derrota na votação. Mas depois que falou seu chefe de gabinete disse que o líder de extrema direita autorizou a transição de poder".
RESPEITAR, OBEDECER
Na manchete do francês Le Monde, "Bolsonaro fala pela primeira vez desde sua derrota e se compromete a 'respeitar a Constituição'". No serviço financeiro Bloomberg, "Bolsonaro promete obedecer à lei brasileira e ordena transição para Lula".
SEM
Nos argentinos Clarín e La Nación, respectivamente: "Sem falar em derrota, Bolsonaro disse que cumprirá a Constituição e ordenou o início da transição" e "Sem mencionar Lula ou sua derrota, Bolsonaro disse que cumprirá 'todos os mandamentos da Constituição'".
MAS
A agência de notícias Reuters enfatizou, no título do despacho, que "Bolsonaro evita reconhecimento [da vitória] de Lula, mas transição deve começar". Também o Washington Post, "Bolsonaro não reconhece derrota para Lula, mas vai deixar transição começar", e a CNN, "Bolsonaro quebra silêncio, mas falha em reconhecer eleição".
PARECE
O Financial Times escancarou a dubiedade já no enunciado da manchete, "Equipe de Bolsonaro parece aceitar derrota após perder eleições do Brasil". No registro da Economist, "Bolsonaro não mencionou sua derrota para Lula, embora depois um assessor tenha dito que o governo respeitaria a transferência de poder".
BASTA UMA TRANSIÇÃO PACÍFICA
Na coluna de John Authers na Bloomberg, "Lula pode ser um bom amigo para os investidores de Brasil", ele que comandou um "grande rali" financeiro "e tudo está se alinhando para uma repetição".
É também o que vem avisando o economista Robin Brooks, ex-FMI e Goldman Sachs e voz influente no mercado global, via Twitter: "Basta uma transição pacífica de poder e o Brasil vai explodir... Será o emergente mais quente em 2023!".
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