Galvão Bueno estreou em sua Copa de despedida, no primeiro jogo do Brasil, com três comentaristas, dois negros, uma mulher, e uma narração sóbria para os padrões que ele mesmo estabeleceu. Na torcida, mas sem instigar os conflitos de antes, efeito talvez da quantidade de anunciantes que o têm hoje como garoto-propaganda.
De acordo com o UOL, a Globo alcançou a sua maior audiência para o horário em uma década.
O maior desafiante de Galvão estava nas plataformas YouTube, do Google, Twitch, da Amazon, e Fifa+, o influenciador Casimiro Miguel —que não chega a ser propriamente um apresentador nas transmissões, lembrando mais um animador, como Fausto Silva ou Milton Neves, quando surgiram no rádio, com mais talento para o humor.
No jogo contra a Sérvia, com a CazéTV, ele estimulou seguidamente, mas não conseguiu bater recordes de transmissão online ao vivo, embora chegando perto. Sugeria em tom de brincadeira aos espectadores e colegas que ligassem seus celulares ou de parentes na plataforma, para elevar artificialmente a audiência.
Para além de suas interferências, a transmissão é tradicional, com narrador-torcedor, comentaristas-jogadores —e a marca de ainda serem todos homens, alguns deles saídos de canais pagos, inclusive do próprio Grupo Globo.
Casimiro, em sua disrupção do espetáculo, carrega nos palavrões, com passagens como "aperta que eles peidam" ou "estava com um cagaço de que fosse zero a zero". No momento em que um jogador estava no chão, após ser atingido no pescoço, cobrou dos colegas, um por um, rindo como um adolescente com o duplo sentido homofóbico: "Já tomou bolada no queixo?".
Em nova transmissão neste domingo (27), foi mais contido, mas estavam lá os palavrões entre anúncios da Coca-Cola e do McDonald's, por exemplo, ao dizer que a seleção alemã "faz cagada".
As transmissões são da LiveMode, empresa brasileira que intermediou a saída de Casimiro do SBT e do canal TNT, no início deste ano, para os contratos com Google e Amazon na Copa, mais o Fifa+, todos oferecidos "de graça", como insiste o influenciador.
Além das duas Big Techs americanas com a CazéTV, a empresa faz a ponte de diversas entidades esportivas com plataformas como a chinesa TikTok. Em seu site institucional, destaca um vídeo em que Casimiro "explica" o que ela é: "A LiveMode é foda".
O FUTEBOL É AMERICANO
Na chamada do New York Times para o empate da seleção americana com a inglesa, "Chame de futebol ou de soccer. Os EUA o estão reivindicando como seu" (acima).
Para o principal jornal do país, "o resultado enviou a mensagem de que os Estados Unidos estão em ascensão e ambicionando por mais", com "o destino em suas próprias mãos". Isso depois de "ver sua cultura do futebol se desenvolver, nas últimas décadas".
O FUTEBOL É CHINÊS
Na China, onde o futebol não avança, apesar da suposta torcida de Xi Jinping, o noticiário dos principais veículos ligados ao governo e ao Partido Comunista, nesta primeira fase da Copa, tentou dar alguma cor local apelando para o "cuju".
O site da rede CCTV acompanhou nomes desse esporte com mais de 2.000 anos numa visita ao Qatar, para amistoso e exibição. Reproduziu entrevista com um deles, herdeiro da tradição, descrevendo o campo quadrado e com dois gols, além da proibição de tocar a bola com as mãos. "Mas podem lutar", acrescenta, "para impedir o ataque adversário". O Renmin Ribao ou Diário do Povo e a agência estatal Xinhua também cobriram.
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